Abstract

No presente artigo, desenvolveremos uma reflexão acerca do contexto de produção de três versões do Curso de Linguística Geral (CLG), a saber, a versão publicada na Argentina e aquelas publicadas no Brasil e em Portugal. Nosso objetivo é compreender como o CLG é recebido/lido em cada momento histórico fora do contexto francês. Selecionamo-las não só pela relação singular com a língua, mas porque elas são propostas em conjunturas em que o CLG é recebido/lido de forma diferente. Além disso, nas referidas publicações, consideraremos também uma passagem que é bastante controversa, mesmo na edição francesa, aquela que trata do exemplo dado para ilustrar o princípio do arbitrário do signo. Ao comparar essa passagem nas diferentes situações, queremos entender como se inscreve o gesto de interpretação do sujeito que se responsabilizou pela versão da obra em cada um dos países em questão.

Highlights

  • Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional

  • Estamos propondo um estudo da historicização dos textos iniciais dessas versões – os quais cumprem a função de encaminhá-las e de comentar sobre elas – para tentar, por meio desses ditos, compreender as formas de nomeação e de designação dessa obra e do mestre genebrino nos contextos por nós já indicados

  • E por último, a quarta recepção se dá a partir da publicação dos trabalhos sobre as fontes manuscritas consultadas para elaboração do CLG, como por exemplo, Les sources manuscrites du Cours de Linguistique Générale (1957), de Robert Godel, e a edição crítica do CLG proposta por Rudolf Engler (1968-1974)

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Summary

Situando nosso objeto

Em 2016, comemoramos os 100 anos da primeira publicação do Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure. 100 anos da publicação francesa do Curso. 100 anos de história e de memória, espaço onde sujeito e discurso entrelaçam-se na constituição do disciplinar das Ciências Humanas no século XX e XXI. 100 anos de um percurso disciplinar na formação e na constituição do que hoje nomeamos e, por consequência, designamos como Linguística Moderna. Queremos problematizar esses textos que não só constam na, mas antecipam a versão do CLG, quando da sua publicação em países como Brasil, Portugal e Argentina, para entender como a referida obra é recebida/lida em cada momento histórico, fora do contexto francês. Vamos nos lançar à reflexão sobre o efeito da constituição disciplinar a devir, tentando não homogeneizar, sob uma mesma etiqueta, percursos tão diferentes de versões e publicações, produtos de sentido para cada contexto concernido e objetivado aqui neste estudo. Estamos propondo tal estudo e reflexão a partir do que, no Brasil, aprendemos a nomear como campo de um saber disciplinar, que é o da História das Ideias Linguísticas, levando em conta a sua relação, na questão interpretativa, com o disciplinar da Análise de Discurso de leitura pecheuxtiana (PÊCHEUX, 1990).

Situando nossa problemática de leitura
Uma breve contextualização
Cours de Linguistique Générale Editado por Charles Bally e Albert Sechehaye
Curso de Linguística Geral
Curso de Linguística Geral Versão de José Victor Adragão
Para concluir
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