Abstract

Este artigo discute o papel do Imperador Guilherme II da Alemanha, e sua responsabilidade pessoal na eclosão da Primeira Guerra Mundial. A primeira parte dedica-se à representação da polêmica personalidade do Kaiser, que, já na época, foi caraterizado como “psicopata imperial” e “césar megalomânico”. Porém, ficará claro que, nas grandes crises internacionais antes de 1914, o Imperador se revelou menos belicista do que o esperado com base nessa sua imagem. Foi na Crise de Julho (1914) que a personalidade de Guilherme II impactou realmente a história mundial. Em dois momentos-chaves da Crise de Julho, a postura do Kaiser contribuiu de forma fundamental para colocar a Alemanha no caminho da confrontação armada. No dia 5 de julho, espontaneamente e em um surto de megalomania autocrática, ele sancionou a guerra austro-sérvia e, em seguida, pressionou o seu aliado austríaco a logo pegar em armas. Nessa ocasião, foi dominado por sua marcialidade, seu militarismo e seu autoritarismo, bem como pelo lado impulsivo e imprevisível de seu caráter. Quando a guerra contra a Rússia se tornou uma possibilidade real, ele ficou atemorizado e apresentou seu “plano pela paz”. Nesse segundo momento, porém, quando tinha ainda o destino de paz ou guerra em suas mãos, fracassou, e mostrou o outro lado da sua personalidade: a insegurança, a falta de coragem e liderança e a susceptibilidade a pressões e manipulações por terceiros. Rapidamente o Imperador se entregou às manipulações do seu chanceler e ao boicote austríaco de sua proposta. No final, rendeu-se ao cálculo da dinâmica das necessidades militares, defendido pelos sues generais. Conclui-se que, embora o Kaiser não quisesse a “grande guerra”, sua responsabilidade em colocar a Alemanha a caminho desse confronto foi imensa.

Highlights

  • Porém bastante revelador dos tempos nos quais vivemos, permeia atualmente a mídia alemã e ocupa, ao mesmo tempo, os historiadores e os tribunais: os descendentes do ex-imperador Guilherme II lutam perante a justiça alemã por indenizações e pela devolução do patrimônio que lhes foi expropriado, depois de 1945, pela administração militar soviética na zona de ocupação da Alemanha Oriental

  • Seus ataques de raiva e seu comportamento insultante e humilhante eram legendários e não excluíam outros soberanos ou seus próprios generais

  • Ainda em abril de 1914, dois meses antes de conceder carta branca, Guilherme aconselhou os austríacos a procurarem um modus vivendi com a Sérvia

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Summary

Introduction

Porém bastante revelador dos tempos nos quais vivemos, permeia atualmente a mídia alemã e ocupa, ao mesmo tempo, os historiadores e os tribunais: os descendentes do ex-imperador Guilherme II lutam perante a justiça alemã por indenizações e pela devolução do patrimônio que lhes foi expropriado, depois de 1945, pela administração militar soviética na zona de ocupação da Alemanha Oriental. Qual foi sua responsabilidade pessoal pelo caminho para a guerra que Alemanha seguia na chamada Crise de Julho de 1914, naqueles 31 dias nos quais o assassinato do Arquiduque austríaco Francisco Ferdinando se transformou, inicialmente em guerra continental e, depois, em guerra mundial?

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