Abstract

O desenvolvimento de programas direccionados de talhe experimental em sílex permitiu identificar os estigmas relacionados com a utilização de percutores em pedra branda. Pelegrin (2000) explorou os limites e constrangimentos da utilização deste tipo de percutores e desde a publicação dos critérios distintivos, que permitem reconhecer esta técnica no material arqueológico, ela foi identificada em vários sítios e em diferentes cronologias na Europa e no Próximo Oriente. A identificação fortuita de estigmas evocativos da utilização de percutores em pedra branda na colecção lítica da camada 3 da Lapa dos Coelhos motivou um registo sistemático, desses atributos, durante o estudo de outras colecções magdalenenses da Estremadura portuguesa. Foram observados e registados os seguintes atributos: tipo de talão (cortical, liso, diedro, facetado, microfacetado, linear, punctiforme, esmagado e retocado), presença de labiado, vestígios de abrasão (ligeira ou marcada), presença de esquirolamento do bolbo, presença de fissuração do cone de percussão, existência de rugas finas concêntricas a partir do bolbo de percussão e presença de linha do talão irregular. A análise e quantificação destes estigmas de percussão permitiu identificar um número significativo de peças com evidência de debitagem por percutor brando (orgânico e mineral) mas a associação recorrente de caracteres distintivos leva a crer que a utilização de percutores em pedra branda terá sido significativa. Não dispomos de dados para uma comparação efectiva de toda a sequência regional do Paleolítico Superior, contudo, na amostra observada a utilização de um percutor de pedra branda parece ter aumentado a partir do Magdalenense final. Apesar de preliminares estes dados devem ser tidos em conta, uma vez que, esta informação é fundamental para a reconstituição das escolhas técnicas efectuadas no passado.

Highlights

  • Este reconhecimento conduziu Madsen e Pelegrin ao desenvolvimento de programas direccionados de talhe experimental de sílex com percutor em pedra branda, identificando os estigmas, explorando os limites e constrangimentos da utilização deste tipo de percutores e culminando com a publicação dos critérios distintivos que permitem reconhecer esta técnica no material arqueológico (Pelegrin 2000)

  • Conscientes destas limitações, continuamos a considerar válidos os elementos provenientes da observação dos diferentes estigmas em peças produzidas recorrendo ao talhe experimental, considerando esta informação fundamental para a reconstituição das escolhas técnicas efectuadas no passado

  • Tal como na generalidade dos contextos magdalenenses em território português, em todos os conjuntos líticos estudados a debitagem foi orientada para a produção de lascas e lamelas (Zilhão 1997; Bicho 2000; Gameiro 2012)

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Summary

Introdução

A técnica designa a modalidade de debitagem englobando o modo de aplicação da força, o tipo de percutor e o gesto ou a posição de talhe, e a mesma técnica pode ser utilizada em diferentes métodos de debitagem, entendidos como o agenciamento sequencial do processo. Durante o início dos anos 80 do século XX, a utilização de percutor em pedra branda foi identificada por E. Madsen suspeitou que tal também pudesse ter sido utilizado na debitagem de lâminas em sílex durante o Tardiglaciar na Dinamarca (Pelegrin & Inizan 2013). Este reconhecimento conduziu Madsen e Pelegrin ao desenvolvimento de programas direccionados de talhe experimental de sílex com percutor em pedra branda, identificando os estigmas, explorando os limites e constrangimentos da utilização deste tipo de percutores e culminando com a publicação dos critérios distintivos que permitem reconhecer esta técnica no material arqueológico (Pelegrin 2000). Posteriormente, esta técnica foi identificada em colecções do Castelperronense (Bachellerie et al 2007), do Gravetense francês (Klaric 2003), do Solutrense da região de Yonne, França (Renard 2002), do Tardiglaciar da região parisiense (Bodu 2000; Valentin 2000; 2008), do Epigravetense italo-provençal (Bracco 1997) e do Epipaleolítico do levante (Pelegrin & Inizan 2013)

Estado da arte
Apresentação dos sítios analisados
Metodologia
Resultados
Findings
Discussão e conclusões
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