Abstract

Esta produção de João de Castro Osório tem o alto valor documental de atestar uma presença única: a influência, no teatro português, do eixo Nietzsche / Wagner, num contexto ideológico esperado. Ele constitui o único caso de composição de trilogias dramáticas em Portugal. O teatro de Castro Osório é marcado por um forte componente da retórica ultra-romântica, o que torna difícil a sua encenação. De acordo com a classificação do autor, trata-se de um “Poema dramático”. Se o acontecimento motivador mais próximo de sua composição fosse, talvez, a Guerra Colonial e a defesa da manutenção das colónias, evocando o glorioso passado de Portugal, ao romper os mares e conquistar terras distantes, rapidamente, em toda a Trilogia de Tróia, o autor se demarca desta referência histórica para vôos mais elevados, no seu imaginário estético sobre o mito de Tróia e o seu tratamento épico-homérico. Nas três peças - Helena, Aquiles, Apoteose - a evolução da acção chega a um fim inesperado: o par amoroso Aquiles e Helena caminha, cada vez mais alto, através das chamas da Acrópole de Troia, até uma apoteose: os Deuses de medo são derrotados pelo heróis, em quem a verdadeira Divindade habita – é que o homem heróico é demasiado grande para ser destruído. A Morte e a Vida constituem as duas faces da mesma realidade: a imortalidade.

Highlights

  • Resumo Esta produção de João de Castro Osório tem o alto valor documental de atestar uma presença única: a influência, no teatro português, do eixo Nietzsche / Wagner, num contexto ideológico esperado

  • He is the single case of dramatic trilogies composition in Portugal

  • His theatre is marked by a strong component of ultra-romantic rhetoric

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Summary

Rodrigues 2012

Dentro da sua linha de pensamento, anima-o o revivalismo da tradição, associado a um Neoparnasianismo, no contexto de um Neo-romantismo de cariz vitalista, em reacção contra um Simbolismo decadentista[8]. A crença numa vocação heróica nacional e na dimensão titânica dos heróis nacionais – os verdadeiros titãs, movidos por um absoluto que é a Vida, a Luz, a Humanidade – encontrou, assim, na leitura de Nietzsche, por aquele ângulo que a concatena com a apropriação feita pela estética wagneriana, a inspiração doutrinária adequada. Admirador de Wagner, não só da sua música, mas também do modo como o compositor alemão mergulhou na saga germânica de antiga tradição e trouxe à luz genuínas figuras, iluminadas pela influência de Nietzsche, de deuses e de homens, da mitologia nórdica, para lhes dar vida e os pôr em acção como sobre-humanos lutadores, pela luz ou pelas trevas – pelo absoluto da vida, ou pelas trevas da perfídia, pujantes de virtudes ou de vício, imagem de totalidade força, de desassombro ou de insídia, Castro Osório molda os seus heróis greco-romanos segundo o modelo wagneriano. Estas personagens são a imagem da incessante luta do homem e da tensão permanente que os grandes, excepcionais, conhecem, na sua excepcionalidade, até ascenderem, por essa luta, ao espaço e estatuto que espera os privilegiados: para além do bem e do mal, iguais aos deuses, se

Vide Pereira 1999
Lembra em nota Rodrigues 2012
17 Vide Fialho 2009
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