Abstract

A Atenção Primária à Saúde (APS), a medicina e, em especial a Medicina de Família e Comunidade, sob a perspectiva do mito da democracia racial, contribuem para o racismo institucional na saúde, à medida em que silenciam e invisibilizam as iniquidades em saúde vivenciadas pela população negra brasileira e os impactos do racismo no processo de saúde e adoecimento. Este artigo traz o relato de experiência da construção e aplicação de uma oficina, intitulada “A sua consulta tem cor?”, que objetiva promover debate sobre a saúde da população negra entre profissionais de saúde da APS e estudantes de medicina, com o intuito de sensibilização ao  tema e promoção de uma prática de cuidado antirracista. Com a construção e aplicação da oficina, foi possível perceber a falta de conhecimento dos participantes sobre como reconhecer e abordar situações de racismo na prática da APS. Como potencialidades, a oficina promoveu sensibilização e reflexão crítica sobre a importância de abordar a temática racial, possibilitou o protagonismo e representatividade de profissionais de saúde e estudantes de medicina negros na facilitação dos grupos, promoveu espaços institucionais para o debate do tema e formou novos facilitadores para estimular a multiplicação da oficina nos mais diversos cenários. Como desafios, a falta de interesse no tema por parte de gestores e instituições torna a abordagem do tema incerta e dependente da vontade e comprometimento de um ou outro indivíduo. Além disso, a oficina aborda múltiplos temas, mas não encerra a necessidade de seguir e aprofundar a discussão sobre os impactos do racismo na saúde da população negra brasileira. 

Highlights

  • La Atención Primaria de Salud, la medicina y especialmente la Medicina Familiar y Comunitaria, desde la perspectiva del mito de la democracia racial, contribuyen al racismo institucional en salud, pues silencian e invisibilizan las inequidades en salud que vive la población negra y los impactos del racismo en el proceso de salud y enfermedad

  • O termo se refere a um conjunto de práticas que envolve cinco fundamentos: o reconhecimento da branquitude e dos privilégios que ela confere à população branca; o entendimento de que o racismo é um problema atual e não uma parte da história do país já superada; a compreensão de raça como uma construção socialmente aprendida e reproduzida; a necessidade de tomar posse de um vocabulário racial, utilizando a palavra negro e preto quando couber e evitando de usá-las em expressões negativas como ”mercado negro”, “a coisa tá preta” ou “denegrir” e, por último, a capacidade de interpretar códigos e práticas de maneira racializada, evitando camuflar situações de racismo como bullying ou mal-entendidos.[31]

  • Considerando que, de acordo com a demografia médica lançada pelo CREMESP, em 2018,33 apenas 18% dos médicos formados por ano são negros (mesmo com o sistema de cotas raciais), se esperarmos que apenas essas pessoas sejam responsáveis pela transformação da educação e da prática médica no país, manteremos por muitos anos ainda uma prática de saúde racista e opressora para a maior parte da população brasileira

Read more

Summary

Introduction

La Atención Primaria de Salud, la medicina y especialmente la Medicina Familiar y Comunitaria, desde la perspectiva del mito de la democracia racial, contribuyen al racismo institucional en salud, pues silencian e invisibilizan las inequidades en salud que vive la población negra y los impactos del racismo en el proceso de salud y enfermedad.

Results
Conclusion
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call