Abstract

Ler e escrever são direitos essenciais, que envolvem dimensões individuais e coletivas (UNESCO, 2005). No entanto, os transtornos de leitura e déficits em funções executivas podem tornar essa atividade árdua. Buscamos investigar o desenvolvimento da competência leitora de 43 alunos do 3º ano em escolas da rede pública de Natal-RN e sua relação com a capacidade de memória de trabalho, através da Provinha Brasil e de testes de memória de trabalho (AWMA – Automated Working Memory Assessment). As Provinhas Brasil dos alunos, participantes do Projeto ACERTA – Avaliação de Crianças em Risco de Transtornos de Aprendizagem (CAPES/OBEDUC) – foram analisadas e comparadas aos escores dos testes de memória de trabalho. Os resultados indicam que a competência leitora dos alunos está ligada à sua capacidade de memória de trabalho, principalmente no que diz respeito ao componente fonológico.

Highlights

  • Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional

  • O pesquisador assevera que o cérebro possui mecanismos corticais especializados no reconhecimento de palavras e que tais mecanismos se situam nas mesmas regiões cerebrais em todos os humanos

  • Os mesmos estudos revelam a existência de uma forte relação entre o grau de dificuldade de aprendizagem de alguns alunos e déficits na memória de trabalho (MT); isto é, crianças com alto grau de deficiência cognitiva tendem a demonstrar maiores prejuízos na MT quando comparadas àquelas que apresentam dificuldades acadêmicas moderadas (GATHERCOLE et al, 2004)

Read more

Summary

As bases da aprendizagem da leitura

Acerca da aprendizagem da leitura, Dehaene (2009) levanta os seguintes questionamentos: Por que nosso cérebro primata lê? Por que existe uma inclinação para a leitura? A essas indagações o autor dá o nome de “O paradoxo da leitura”. É por essa razão que se tem um paradoxo e, assim, mais uma pergunta vem à tona: Como, então, o cérebro primata aprendeu a ler?. Considerada uma forma artificial de leitura, o reconhecimento de palavras através de seu formato sugere uma tentativa de mapear as mesmas aos seus significados, sem que haja a decodificação ou qualquer atenção à pronúncia. A leitura se automatiza e a criança não mais decifra as palavras através da decodificação, isto é, letra por letra. De acordo com Dehaene (2009), o seguinte questionamento foi alvo de inúmeros debates neste período: nossa mente segue diretamente da palavra escrita até seu significado, sem acessar a sua pronúncia; ou, inconscientemente, transforma letras em sons e então sons em significados?. Essa recodificação fonológica, consideravelmente mais lenta que o direto acesso lexical, é concebida por alguns como uma via de leitura que caracteriza leitores iniciantes. Dehaene (2009) enfatiza que os adultos acessam diretamente o significado das palavras através da rota lexical; mas também, continuam a fazer uso dos sons das palavras, ainda que de forma inconsciente

O papel da memória de trabalho na aprendizagem da leitura
Contexto e participantes
Automated Working Memory Assessment – AWMA
A Provinha Brasil
Resultados e discussão dos dados
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call