Abstract

Os sentidos da linguagem são constituídos subjetivamente nas práticas de comunicação, no âmbito de domínios semânticos e pragmáticos. Nesta perspectiva, a gramática pode ser caracterizada como uma rede de construções em constante transformação, cujas análises levam ao extremo a indissociável relação entre forma e sentido constituída no uso da língua. Por sua vez, a mudança linguística é inerente ao funcionamento da língua, ocorrendo de forma gradiente, radial e indissociável dos contextos de uso. Dessa maneira, neste artigo, tendo por base uma abordagem construcional, fundamentada nas proposições da Gramática de Construções, representada especialmente por Langacker (2009), Goldberg (1995; 2006), Bybee (2006; 2010; 2015), Traugott e Dasher (2005), Traugott (2008), Traugott e Trousdale (2010; 2013), Diessel (2015), Oliveira e Rosário (2015), dentre outros, analisamos o esquema construcional focalizador [que só] no português brasileiro contemporâneo. A focalização é uma construção, uma entidade abstrata constituída por pareamentos de forma e sentido e pressupõe os domínios da ênfase, do contraste e da intensificação de conhecimentos de mundo compartilhados pelos falantes. As construções [que só] exercem função pragmática de foco, e sua constituição decorre da junção de duas estruturas focalizadoras recorrentes na língua portuguesa. Definimos os subesquemas e os contextos de uso das microconstruções derivadas do esquema [que só] nos níveis semântico, sintático e discursivo-pragmático. São descritos, também, os graus de abstratização dos usos das focalizadoras. Os resultados demonstram superposição dos domínios da comparação e da intensificação, revelando uma espécie de superesquema focalizador no português brasileiro contemporâneo.

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