Abstract

Na literatura, a questão da recepção é extremamente complexa e, ao mesmo tempo, essencial, sobretudo se quisermos compreender melhor o impacto que tem em outra uma cultura literária pouco conhecida. Neste artigo, estudo a recepção de Machado de Assis nos Estados Unidos durante os anos 1950, quando três de seus romances - Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e Quincas Borba - apareceram pela primeira vez em tradução para o inglês. Também considero a recepção de Machado nos anos 1960, período do chamado "boom", quando o autor brasileiro, apesar de ter sido muito admirado pelo crítico e escritor norte-americano John Barth, não recebeu a aclamação geral que merecia.

Highlights

  • This article examines the reception afforded Machado de Assis in the United States during the 1950s and 1960s, the years when Machado was first translated into English and available for reading in the United States and the years of the "Boom" period when he and his texts could have been celebrated as part of the generally positive reception given to what was being called "Latin American" literature in the United States

  • The essay speculates about what might have happened if Machado had been read in the context of some of the great social transformations of the 1950s and 1960s, including questions of race and race relations, gender, class, and economic justice

  • Concludes by considering whether the recognition of Brazilian literature in the United States of today would have been greatly enhanced if Machado had received a more emphatically positive reception during the 1950s and 1960s

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Summary

Nova Iorque

Antes de escrever seu ensaio seminal, Barth se tivesse voltado ao passado e relido Machado,[60] talvez tivesse percebido que o mestre brasileiro já havia modificado a natureza da forma do romance e que, como aponta David Haberly, ele o havia feito ao alterar e até ignorar "as regras básicas do realismo europeu do século XIX", por meio da experimentação com o que seus críticos posteriores chamariam de "antirromance" e do cultivo de uma série de narradores cativantes e narradoresprotagonistas, cuja "não confiabilidade evidente" ao mesmo tempo nos encanta e nos engana, levando-nos finalmente a confrontar não a realidade bem organizada do realismo, mas – o que é muito mais perturbador – "a realidade fundamentalmente impossível de se conhecer" das nossas vidas e da existência humana.[61] Já em 1880, 83 anos antes de René Wellek fazer a mesma afirmação e cerca de sessenta anos antes de Borges, o escritor havia percebido que o realismo era, no fundo, "uma estética ruim", pois "toda arte é 'fazer' e é um mundo em si mesma de ilusão e formas simbólicas".62.

Cambridge
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