Abstract

As vozes das mulheres brasileiras, hoje em dia, incomodam muito o poder político conservador, que tenta continuamente (re)estabelecera prioridade da fala dos homens e a ilegitimidade da presença das mulheres como sujeito político no espaço público. Em particular, neste momento político é interessante olhar para as experiências de mulheres que viveram e lutaram durante outro momento brutalmente conservador da história brasileira, aquele dos vinte e um anos da ditadura civil-militar. Relativamente a essa geração, este artigo aborda textos de Maria Pilla e Maria Valéria Rezende. Recordar estas mulheres é tanto mais importante porque o governo Temer e o governo Bolsonaro construíram uma conexão explícita com a época da ditadura, e porque o surgimento do movimento feminista brasileiro está ligado à história da participação das mulheres na luta de oposição ao autoritarismo dos anos 60 e 70. Através de uma reconstrução das publicações de depoimentos e relatos de mulheres e romances escritos por mulheres, queremos refletir sobre o processo de transmissão da memória feminina da luta contra a ditadura –entre remoção histórica e re-emergência literária –e sobre a temporalidade desta memória, para entender melhor a sua herança em relação às lutas que enfrentam hoje as mulheres brasileiras. Nesse sentido, este artigo aborda também duas autoras de uma geração subsequente, que abordam nas suas obras asmemórias familiares e privadas da ditadura. Trataremos textos de Adriana Lisboa e Liliane Hang Brum.

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