Abstract

As questões de gênero e sexualidade oscilam, há alguns anos, entre propostas explícitas de abordagem na escola, como foi o caso do tema transversal Orientação Sexual no interior dos Parâmetros Curriculares Nacionais, e sua negação, como recentemente foi a polêmica sob o rótulo de “ideologia de gênero”, quando muitos municípios e estados retiraram de seus planos de educação a menção a gênero e sexualidade. Há claramente uma disputa política no interior da sociedade brasileira entre grupos que não desejam sua abordagem pela escola e outros que defendem com ardor que esses temas sejam ensinados de modo explícito. A partir da etnografia de cenas escolares, o texto evidencia que as salas de aula são locais altamente generificados, atravessados por questões de sexualidade e que a abordagem desses temas atende tanto à alfabetização científica quanto a numerosos outros propósitos em educação, que dizem respeito à preparação para a vida no espaço público de corte republicano.

Highlights

  • when many municipalities and states withdrew from their education plans the discussion on gender and sexuality

  • clearly a political dispute within Brazilian society between groups which are against schools approaching it

  • this text shows that classrooms are highly gendered spaces crossed by issues

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Summary

O NOVO POR NÃO SABER E O VELHO POR NÃO QUERER DEITAM TUDO A PERDER

Escola é lugar de alfabetização científica, de aprender sobre o mundo e de preparar-se para a vida a partir de um currículo estabelecido, profissionais reconhecidos, disciplinas e projetos, calendário anual e seriação progressiva, acesso à biblioteca e a acervos, estratégias de avaliação das aprendizagens, convívio com colegas da mesma geração, encontros e trocas entre as culturas juvenis e brincadeiras e rituais de passagem. O vocabulário educacional contemporâneo incorporou fortemente as noções de diversidade, inclusão, educação em direitos humanos e culturas juvenis, e essas categorias todas podem ser pensadas em conexão com gênero e sexualidade: oferecer oportunidades educacionais com equidade entre meninos e meninas; incluir, de modo respeitoso, quem manifesta orientação sexual diferente da norma na escola; oferecer boa condição de aprendizagem e ambiente de respeito para meninos e meninas independentemente dos modos que desejam viver os atributos de masculinidade e feminilidade; respeitar e dialogar com os elementos das culturas juvenis, como o gosto musical, sabendo que os elementos de gênero e sexualidade são altamente frequentes nelas; possibilitar que cada um seja chamado pelo nome social se assim desejar, etc. Envolvendo gênero e sexualidade, não pode deixar de ser objeto explícito da atenção do sistema educacional

CADA UM VÊ MAL OU BEM CONFORME OS OLHOS QUE TEM
Quem pode fazer o quê?
Desempenho escolar não tem gênero?
Mulher é sexo
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