Abstract

A política externa brasileira entre o fim do Estado Novo e o Golpe de 1964 é caracterizada, em grande medida, pelo desenvolvimentismo e a busca pela industrialização do país. Analistas desse processo geralmente focam-se no aspecto econômico e nos interesses das elites civis, enquanto a busca por poder e preeminência é pouco ressaltada. Desse modo, um dos principais objetivos dos Estados na arena internacional é ignorado. O desenvolvimento econômico e industrial não deve ser considerado um fim em si mesmo, visto que o progresso material serve a determinado objetivo, que, para o Estado, é o aumento do poder. Esse artigo busca retomar a geopolítica como um dos fundamentos para a política externa e para o desenvolvimento brasileiros no século XX, levando-se em conta a teoria pioneira de Mario Travassos, voltada para a preeminência na América do Sul, e a história da política externa brasileira ao longo da República Nova (1945-1964).

Highlights

  • The Brazilian foreign policy between the end of the Estado Novo and the 1964 Coup d’état is characterized, to a large extent, by developmentalism and by the pursuit of industrialization

  • This article seeks to re-examine geopolitics as a fundamental tenet of Brazil’s foreign policy and economic development in the 20th century, taking into account the pioneer theory of Mario Travassos, dedicated on South American primacy, and the history of Brazilian foreign policy during the Fourth Republic (1945-1964)

  • Brasil e Argentina apresentavam interesses convergentes na Associação LatinoAmericana de Livre Comércio (ALALC), ao advogarem tão somente pela liberalização comercial da América Latina; ainda assim, as duas grandes economias sul-americanas não mantinham efetivo comprometimento com os objetivos de diminuição das tarifas aduaneiras (Prazeres, 2006)

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Summary

O pensamento de Mario Travassos

Na obra Projeção continental do Brasil (1947), Mario Travassos discorre sobre os imperativos geopolíticos da América do Sul que devem constar nos cálculos para a inserção internacional do país. Rodrigues (1947), também militar e pensador geopolítico, atuante na década de 1950, no contexto de Guerra Fria, argumenta que a aliança com os Estados Unidos seria a forma de se conter a ameaça argentina e de se consubstanciar o poder brasileiro sobre a América do Sul. Couto e Silva (1967), que seria um dos principais teóricos da Doutrina de Segurança Nacional, enfatiza o binômio segurança e desenvolvimento e argumenta a favor da aliança com os Estados Unidos não somente como forma de garantir a projeção do Brasil sobre o continente sul-americano como para providenciar ao país o controle sobre o Atlântico Sul. Couto e Silva, assim, expõe a tese do “aliado preferencial” em relação aos Estados Unidos, a partir do qual o Brasil poderia exercer o cerco contra Argentina e expandir para o Atlântico Sul como contrapartida ao esforço de defesa contra a subversão (Mello, 1997: 257-270). A busca de preeminência no Paraguai, convulsionado pela Guerra Civil (1947), ou o projeto de Perón por uma união econômica e política na América do Sul, tendo como eixo dinâmico a cooperação entre Argentina, Brasil e Chile (Pacto ABC), eram interpretados com desconfiança pela diplomacia brasileira (Doratioto, 2014: 120-126). A ascendência brasileira no país mediterrâneo guarani e as desconfianças com relação à Argentina confirmam a tendência percebida por Travassos, a qual seria aprofundada nos anos seguintes, de tensão bilateral devido a fatores geopolíticos (Moniz Bandeira, 2010; Mello, 2001)

O governo Vargas
O governo Kubitschek
Os governos Quadros e Goulart
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