Abstract

Na Antiguidade, os grandes generais viram na exortação das tropas um poderoso aliado contra o inimigo, como o comprovam os tratados militares de Onassandro ou Vegécio. Pelas suas qualidades impressivas, os historiógrafos greco-romanos inseriram a arenga militar nos seus relatos, reelaborando-a retoricamente, num tempo em que a historiografia se aproximou da retórica. Em pleno século do Renascimento, tempo marcado pela pirobalística e pela crescente profissionalização dos exércitos, os tratados militares coevos continuam a propor aos comandos militares o recurso à exortação e à motivação das tropas. Se assinalar este facto já seria importante, a verdade é que a perspetiva polemológica militar quinhentista da arenga militar surge enriquecida com os contextos de pronunciação e os topoi retóricos consagrados pela tradição literária clássica. Assim, neste artigo e de forma transversal, identificamos os tópicos retóricos que os tratados militares escritos por Maquiavel, Fernando Oliveira e Scarion de Pavia prescrevem aos generais antes ou durante uma batalha, inserindo-os na respetiva filiação retórico-historiográfica. Procuraremos demonstrar que a arenga militar, nestes tratados, estará, nos tópicos e nos contextos de pronunciação, mais comprometida com a historiografia clássica do que com a coeva tratadística antiga. Originária do meio castrense, reelaborada retoricamente no silêncio do gabinete do historiógrafo, regressa, no século XVI, ao seu ambiente original, enriquecida e adaptada a diferentes contextos bélicos. É um estudo inédito da importância que a arte militar do século XVI conferia ainda à pronunciação de uma arenga militar, como forma de galvanização dos soldados para a guerra.

Highlights

  • In Antiquity, the great generals saw in the exhortation of the troops a powerful ally against the enemy, as evidenced by the military treaties of Onasander or Vegecy

  • Alguns desses discursos causam ainda comoção, como aquela epipolesis – isto é, um discurso proferido em movimento, enquanto se passa revista às tropas – que levou a cabo antes da Batalha de Isso: (...) before the battle of Issus, Trogus (Justin), Curtius, Plutarch, and Arrian coincide in presenting Alexander carrying out an epipolesis (T4) or “review of the troops.”

  • In Justin’s (Trogus) and Curtius accounts, the king moves in and out of the lines of soldiers using different arguments depending on their status and ethnic background. (...) these historians chose, at this decisive moment, to present a type of pre-battle speech reminiscent of the Homeric poems which allowed them to portray the protagonist as a paradigmatic general

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Summary

A Perspetiva Polemológica Quinhentista da Arenga Militar

Resumo Na Antiguidade, os grandes generais viram na exortação das tropas um poderoso aliado contra o inimigo, como o comprovam os tratados militares de Onassandro ou Vegécio. Os historiógrafos greco-romanos inseriram a arenga militar nos seus relatos, reelaborando-a retoricamente, num tempo em que a historiografia se aproximou da retórica. Em pleno século do Renascimento, tempo marcado pela pirobalística e pela crescente profissionalização dos exércitos, os tratados militares coevos continuam a propor aos comandos militares o recurso à exortação e à motivação das tropas. Se assinalar este facto já seria importante, a verdade é que a perspetiva polemológica militar quinhentista da arenga militar surge enriquecida com os contextos de pronunciação e os topoi retóricos consagrados pela tradição literária clássica. Procuraremos demonstrar que a arenga militar, nestes tratados, estará, nos tópicos e nos contextos de pronunciação, mais comprometida com a historiografia clássica. É um estudo inédito da importância que a arte militar do século XVI conferia ainda à pronunciação de uma arenga militar, como forma de galvanização dos soldados para a guerra.

Keegan 2009
Iglesias Zoido 2010
27 Martelo 2010
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