Abstract
Entendendo o xamanismo como um modo performático, este texto explora o seu papel entre os índios Siona da Colômbia como expressão de especificidade cultural perante a violência colonial e pós-colonial. A história oral reconta como o papel xamânico transformou-se no papel do poderoso cacique curaca, em resposta adaptativa às atividades missionárias. Após a quase extinção dos xamãs praticantes no século XX, suas performances surgiram nas duas últimas décadas como uma estratégia-chave na fomentação das especificidades étnicas e nas lutas contemporâneas pelos direitos indígenas. Tanto a constituição colombiana de 1991 quanto as redes urbanas neoxamânicas associam o xamanismo à preservação ecológica, à medicina tradicional, à identidade étnica e ao bem-estar da comunidade. Em Putumayo, região caracterizada como “zona de guerra”, as performances xamânicas são uma estratégia fundamental no campo complexo das negociações entre comunidades indígenas, organizações governamentais e não governamentais, indústrias extrativas e diversos grupos armados.Tradução: Elisa Nazarian
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