Abstract

A teoria weberiana da secularização é atualmente criticada por reproduzir pressupostos teleológicos oriundos das teorias da modernização. Defrontando-se com essa crítica, este artigo retoma a tese da unidade e variação desenvolvida por Shmuel Eisenstadt e, a partir de tais pressupostos, discute as possibilidades de atualização do conceito de secularização diante do cenário da globalização e da multiplicidade da modernidade. Após demonstrar que em Max Weber o tema já é tratado de forma multidimensional (histórica e estrutural), o artigo busca sistematizar o debate sobre a secularização no campo da sociologia da religião. Em seguida, examinam-se criticamente três modos distintos de apreensão das variedades da secularização: 1) multiplicidade de vias de secularização, 2) múltiplos secularismos e 3) múltiplas secularidades. O artigo advoga pela fecundidade e atualidade da teoria da secularização para determinar não só a natureza e a diversidade do religioso em condições modernas mas também para determinar o moderno na sua relação com o religioso.

Highlights

  • A teoria weberiana da secularização é atualmente criticada por reproduzir pressupostos teleológicos oriundos das teorias da modernização

  • Ao consideramos a multiplicidade de vias históricas mediante as quais se desenrola processo de secularização, ainda estamos nos movendo no interior do paradigma ortodoxo, ao falarmos de “múltiplos secularismos” já estamos em um ambiente epistemológico completamente diferente

  • The general purpose of the text is to integrate the concept of secularization in the discussion of the nature and diversity of modernity in present times

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Summary

A secularização em Weber: entre o histórico e o estrutural

Exposições históricas sobre o vocábulo secularização (MARRAMAO, 1999), em regra, seguem o mesmo padrão: começam pela genealogia do conceito e examinam, a seguir, sua introdução no léxico das ciências humanas. Os dois principais paradigmas da sociologia da religião (a teoria da secularização e a teoria da individualização6), apesar das suas diferenças, ainda mantêm o problema no centro do debate, embora advoguem entendimentos diferentes sobre o fenômeno: para o primeiro, secularização é sinônimo de perda de relevância do religioso (versão ortodoxa) e, pelos menos para uma parte dos teóricos do segundo paradigma, a secularização pode ser definida alternativamente como a privatização da crença (versão heterodoxa). Mais importante é prestar atenção ao fato de que, para determinado grupo de críticos da tese ortodoxa, a privatização da crença assume o posto de teoria alternativa da secularização (opondo-se a ela), mas para um segundo grupo dele a privatização do religioso pode ser lida com uma conceituação alternativa de secularização, quer dizer, como um modo distinto de definir esse processo. Perseguindo esta pista de trabalho, este último tópico tipifica e avalia teoricamente três tentativas que, assumindo esse global turn, buscam repensar a temática da secularização sob a ótica de suas variações: 1) a histórico-processualista; 2) a político-construtivista e 3) sociológico-institucionalista

As múltiplas vias da secularização
Múltiplos secularismos
Múltiplas secularidades
Considerações finais
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