Abstract

A construção do texto de Colasanti (2012), “A moça tecelã”, versa sobre tecer um texto, o qual estamos tomando como objeto de análise da construção textual, cujo desenho é traçado pelo movimento das mãos da artífice manipulando a lançadeira, o tear, as linhas que constroem a escrita, a partir de seu grau zero, em decorrência da sua desconstrução. O fazer de um texto instigante como o de Marina Colasanti, apresentado no título, demanda uma série de leituras teóricas para acompanhar seu desenho construtor. Em vista disso, o objetivo deste artigo é analisar o fazer do texto. “Tecer era tudo que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer [...] e tecendo ela própria trouxe o tempo.”. Esse enunciado de Colasanti (2012, p. 12) pontua a construção de um texto, no qual cada laçada é um fonema e cada ponto construído é um sentido. Assim, recorremos a Genette (2010, p. 7) que investiga a produção do texto através do palimpsesto. O que é o palimpsesto? Para ele, é “um pergaminho cuja primeira inscrição foi raspada para se traçar outra, que não a esconde de fato, de modo que se pode lê-la por transparência, o antigo sob o novo.”. Essa leitura do antigo sob o novo foi feita no texto de Colasanti (2012), ilustrando a teoria de Genette, quanto à criação do texto. Desse modo, nos permitiu navegar pelo hipertexto e pelo hipotexto, construções da transtextualidade, que podem ser feitas pela transformação e pela imitação. Estudamos Genette também num texto de Borges, uma vez que o mesmo propõe que sempre houve um só texto e um só autor, pensando no hipertexto e no hipotexto. Essa estratégia de leitura permite que o texto não seja contado, mas ele se conte por si mesmo. Com as sucessivas raspagens, o leitor vai encontrar a origem, o texto primígeno; nesse percurso, vai perceber a transtextualidade, um texto entrando em outro texto.

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