Abstract

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem sido a principal agência no Brasil a difundir o chamado “empreendedorismo”. Nas capitais e, especialmente, no interior do país, uma das ações da agência tem sido estabelecer convênios com prefeituras municipais, com vistas a vender projetos voltados para a formação de sujeitos empreendedores. Entre os projetos está o programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos, que consiste em um curso de “empreendedorismo” voltado para crianças e jovens de escolas públicas e privadas. Este trabalho analisa o conteúdo discursivo do manual do professor, elaborado por essa agência, destinado a educadores do primeiro ano do ensino fundamental. Na análise, consideramos o Sebrae aparelho privado de hegemonia, conceito do pensador italiano Antonio Gramsci, e buscamos compreender o manual tendo como base a concepção de ideologia concebida pelo mesmo autor. Nossa análise identificou aspectos que evidenciam recursos narrativos que visam enaltecer e naturalizar o ato de abrir uma empresa. Esses recursos buscam, entre outras coisas, atrelar ao mundo dos negócios aspectos que lhe são alheios, além de ocultar fatores importantes para a compreensão da realidade concreta. Ao fim, constatamos que o curso estimula a valorização do valor de troca, desconsidera o valor-trabalho e reproduz do fenômeno da alienação.

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