Abstract

Este artigo reflete sobre a influência da memória na Literatura da Segunda Guerra Mundial. Focando principalmente na lembrança traumática de soldados alemães que se tornaram posteriormente escritores, o artigo coteja as possibilidades da narração, que compreendem ao mesmo tempo uma parte de relato histórico, ficção e de reorganização, ora intencional, ora não, de suas recordações mais marcantes. O relembrar destes atores, que não pretendem alcançar uma verdade histórica, percorre caminhos imaginados para liberta-se catarticamente do passado traumático. Busca-se aqui também apresentar exemplos de casos em que o testemunho, como realidade pessoal (e não histórica) inconsciente perpassa a narração de forma a construir uma realidade fiel ao autor e a muitos de seus leitores.

Highlights

  • This article addresses the influence of memory in the literature of World War II

  • Ao que realmente nos referimos? À memória como capacidade de guardar dados ou a habilidade de evocá-los? A memória refere-se ao que é lembrado ou esquecido? Algo espontâneo, instintivo ou realizado deliberadamente?

  • Günter Grass, renomado escritor alemão que lutou na Segunda Guerra Mundial, relata, em diversas passagens de sua autobiografia, usando por vezes de uma infinidade de metáforas poéticas, como funciona o mecanismo da memória, até que ponto podemos confiar nela e de que forma ela nos é imprescindível:

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Summary

Observando a escritura do autor-soldado Günter Grass

Günter Grass, renomado escritor alemão que lutou na Segunda Guerra Mundial, relata, em diversas passagens de sua autobiografia, usando por vezes de uma infinidade de metáforas poéticas, como funciona o mecanismo da memória, até que ponto podemos confiar nela e de que forma ela nos é imprescindível:. O autor explica esta relação: Quando é abordada com perguntas, a recordação assemelha-se a uma cebola, que precisa ser despelada a fim de que seja exposto o que então pode ser lido letra por letra: e ela raramente é explícita, muitas vezes enigmatizada em escrita especular ou de qualquer outra maneira. As qualidades dos objetos e os segredos de seu interior, pequenos animais preservados intactos por milhões de anos, permitem ao escritor associá-lo a lembranças, muitas vezes duras, que foram compartimentadas, mas retornam para nos assombrar. Apesar de sua obra ficcional mais célebre e representativa, O tambor, conter duras críticas à sociedade alemã, chocar por seu teor “obsceno” e não conter-se na exposição dos personagens (que representariam a hipocrisia social), o escritor alemão foi incapaz, por mais de quarenta anos, de revelar a sua participação, ainda que pífia, na SS. Portanto, conceber que a memória faz parte da história e, mesmo sem certezas, auxilia na compreensão dos fatos ocorridos

Fidelidade: o esquecido e o adivinhado?
A construção da ficção baseada na memória
Conclusão
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