Abstract

O digital expandiu as possibilidades da memória e as suas tecnologias para um plano que nos suscita algumas questões e uma primeira refl exão face ao seu paradoxo essencial. Em síntese, a incerteza que nos propomos discutir neste artigo prende-se com essa contradição que se coloca face a uma mnemotécnica que tanto nos garante essa expansão da memória como o seu fechamento ou as suas disfunções. Um paradoxo entre o arquivo aumentado e a impossibilidade de memória. A dualidade memória vs. esquecimento regressa assim num contexto tecnológico mais complexo, com implicações radicais na perceção da política contemporânea (falsas memórias, câmaras de eco), nos media (pós-verdade, factos alternativos) economia (ideologia do clickbait, desmemoriação) ou no apagamento da própria história (perda do arquivo da web). A memória vertiginosa que nos traz o digital é assim também uma espécie de não-memória.

Highlights

  • Digital has expanded the possibilities of memory and its technologies to a plan that raises some questions and a first reflection on its essential paradox

  • Uma das dimensões de maior impacto do digital na experiência humana acontece justamente no domínio da memória, que podemos considerar como um dos últimos redutos da autonomia do humano face ao potencial de adulteração e enviesamento do conhecimento que os ciclos de memórias auxiliares e artificiais, mas também de memórias sociais censuradas e recalcadas, têm vindo a introduzir ao longo dos tempos históricos e sobretudo nesta era da “pós-verdade”, como, por exemplo, no caso do hibridismo de imagens da memória humana com tecnologias de síntese ou simples tratamento de imagem, na delegação da memória e no constante recurso ao “exterior de si” em arquivos e em bases de dados digitais, ou no caso dos vídeos adulterados enquanto deepfakes

  • Récupéré de https://lejournal.cnrs.fr/articles/le-numerique-nous-fait-il-perdre-la-memoire Warren-Smith, G

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Summary

Memory and the Digital Era

F. Rui Cádima Universidade Nova de Lisboa. Instituto de Comunicação da NOVA – ICNOVA. Resumo O digital expandiu as possibilidades da memória e as suas tecnologias para um plano que nos suscita algumas questões e uma primeira reflexão face ao seu paradoxo essencial. A incerteza que nos propomos discutir neste artigo prende-se com essa contradição que se coloca face a uma mnemotécnica que tanto nos garante essa expansão da memória como o seu fechamento ou as suas disfunções. A dualidade memória vs esquecimento regressa assim num contexto tecnológico mais complexo, com implicações radicais na perceção da política contemporânea (falsas memórias, câmaras de eco), nos media (pós-verdade, factos alternativos) economia (ideologia do clickbait, desmemoriação) ou no apagamento da própria história (perda do arquivo da web). A memória vertiginosa que nos traz o digital é assim também uma espécie de não-memória

Georges Bernanos
Referências bibliográficas
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