Abstract

Este trabalho dedica-se a analisar as implicações semióticas da publicação das charges de Maomé em um jornal dinamarquês em setembro de 2005. Além de descrever os impactos da publicação, que se estenderam até o ano de 2006, são consideradas aqui as dimensões políticas e religiosas da imagem, destacando também aspectos de linguagem próprios da charge. Tomando como aporte teórico os estudos empreendidos pela Escola de Tártu-Moscou, entre outras perspectivas, o artigo se debruça para estudar uma das charges, relacionando-a às posturas iconoclastas próprias da parte Protestante do Ocidente. Assim, a charge é compreendida como um dos elementos simbólicos demarcadores das tensões culturais entre Ocidente Cristão e Oriente Islâmico.

Highlights

  • This article intends to analyze the semiotic implications of Mohamed’s cartoons in a Danish newspaper in September of 2005

  • Concordamos com a análise sobre o significado das charges de Maomé apresentada por Roberto Baronas, ao afirmar que: As charges e as caricaturas de Maomé veiculadas pelos jornais europeus associam humor a uma agressividade simbólica, zombando não de um simples indivíduo, por mais relevante que seja, mas de um ícone religioso que representa o conjunto dos muçulmanos

  • Se tomarmos como premissa o domínio dos simulacros, descrito por Jean Baudrillard (1991), todas as tensões passarão a convergir para o plano das imagens midiáticas

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Summary

Introdução

Quando Flemming Rose, editor de cultura do jornal dinamarquês Jyllands-Posten, decidiu convidar cartunistas a enviarem charges sobre Maomé para o jornal, certamente não calculava a dimensão que a repercussão de tais ilustrações tomaria. Num total de 12, foram publicadas pela primeira vez em 30 de setembro de 2005 no referido jornal e depois reproduzidas ao longo dos 5 meses seguintes por diversos jornais europeus como forma de solidariedade e reafirmação de uma liberdade de imprensa reivindicada. A publicação, em 30 de setembro de 2005, das doze charges com a imagem do profeta Maomé, foi iniciativa política consciente do Jyllands-Posten, principal jornal dinamarquês, de clara orientação direitista, contra a comunidade islâmica do país. A afronta aos princípios ético-religiosos dos muçulmanos foi materializada em reação política internacional e as charges de Maomé foram, apenas, o estopim de uma hostilidade que vem sendo alimentada há anos, travestida de uma idéia equivocada de “choque de civilizações”. Não podemos desconsiderar a postura imperialista européia em relação a quaisquer outras culturas e, a esse respeito, fazemos côro com as idéias do professor Martin Jaques, do Instituto de Pesquisa da Ásia, vinculado à Universidade Nacional de Cingapura, que foram assim sistematizadas por Lejeune Mato Grosso de Carvalho:

Charge: dissertação e poder de mobilização
O interdito das imagens e a dupla infração
Iconoclasmos e sua moldura midiática
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