Abstract
O artigo tem como escopo o selo de denominação de origem de maior reconhecimento na França, as appellations d’origine contrôlée. Baseada na noção de terroir, essa estrutura de certificação engaja argumentos geográficos, históricos e sociais para sustentar a singularidade do produto protegido. Interessado nos mecanismos de institucionalização da qualidade alimentar, o presente trabalho se concentra nas transformações ocorridas no processo de internacionalização das denominações de origem para caso específico dos queijos franceses. A inserção dessa estrutura nas discussões da Organização Mundial do Comércio e no Mercado Comum Europeu culminou numa série de controvérsias relacionadas à qualidade alimentar. Países que advogam em favor dos selos elaboraram argumentos que pudessem atestar a qualidade diferenciada dos bens de origem protegida. Observa-se um processo de legitimação via intensificação de critérios produtivos. A partir de uma abordagem etnográfica e de uma perspectiva dialógica, o artigo pretende refletir sobre as diferentes disputas relacionadas à qualidade alimentar.
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