Abstract
O caso do ataque aos escritórios da revista satírica Charlie Hebdo, em 2015, em Paris, ilustra a guerra imaginada entre secularismo e religião que serve de pano de fundo a muitos dos episódios de violência na virada do século XXI. A ideia do Iluminismo de que existem duas cosmovisões diferentes – duas esferas distintas de compreensão da realidade –, uma secular e outra religiosa, é inerentemente problemática. Essa dicotomia cria uma arena de discórdia que é facilmente explorada por pessoas que, por qualquer motivo, se sentem isoladas e marginalizadas, procurando culpar alguém e juntar-se a alguma batalha. É um falso conflito que os extremistas de ambos os lados, religiosos e seculares, têm exacerbado.
Highlights
O caso do ataque aos escritórios da revista satírica Charlie Hebdo, em 2015, em Paris, ilustra a guerra imaginada entre secularismo e religião que serve de pano de fundo a muitos dos episódios de violência na virada do século XXI
Se alguém estiver procurando um elo que conecte o sentimento pessoal de raiva e alienação de um par de indivíduos a uma demonstração pública de como a comunidade imigrante, da qual fazem parte, se sente enraivecida e alienada na França contemporânea, então o caso das caricaturas é a conexão perfeita
Essa obra explica as motivações de McVeigh de um modo assustadoramente semelhante aos escritos de Breivik, no livro 2083: o primeiro, tal como o último, pensava que os políticos liberais se tinham entregado às forças do multiculturalismo secular e que as “pessoas da lama”, não brancos, não cristãos, não heterossexuais e homens não patriarcais estavam tentando assumir o controle do país
Summary
O ataque à sede da revista satírica francesa Charlie Hebdo, em Paris, em 7 de Janeiro de 2015, é um exemplo interessante. Esses eventos de lobo solitário são diferentes de outros casos em anos recentes onde, grupos radicais organizados, com a religião como parte de sua ideologia, tais como o ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) ou a milícia cristã, planejaram ataques e recrutaram participantes para suas ações. Esse é o tipo de insulto à religião que ofenderia qualquer muçulmano, não apenas os enfurecidos como os irmãos Kouachi. Se alguém estiver procurando um elo que conecte o sentimento pessoal de raiva e alienação de um par de indivíduos a uma demonstração pública de como a comunidade imigrante, da qual fazem parte (muçulmanos argelinos), se sente enraivecida e alienada na França contemporânea, então o caso das caricaturas é a conexão perfeita. Para uns irmãos Kouachi desonrados e encurralados, a ideia de fazer parte de uma grande batalha entre secularismo e religião pode ter parecido atrativa por várias razões.
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