Abstract

Em alguns de seus livros mais famosos, Monteiro Lobato transporta as personagens do Sítio do Picapau Amarelo para a Grécia Antiga e conta histórias nas quais Emília, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta e Tia Nastácia interagem com importantes personagens da mitologia e da história da antiguidade helênica. Mas Lobato não faz isso de maneira, digamos, isenta e imparcial. Ao contar suas histórias, ele revela quais são suas opiniões sobre os antigos gregos e esses pontos de vista, muitas vezes, podem ser considerados bastante preconceituosos. Porém, quando buscamos entender de onde vieram essas opiniões, ou seja, quando fazemos uma pesquisa naquilo que sobrou da sua biblioteca (por exemplo, no Centro de Documentação Cultural "Alexandre Eulalio", no IEL-UNICAMP) para saber que livros Lobato leu e de que maneira essas leituras marcaram suas interpretações acerca dos antigos helenos, então fica claro que suas opiniões baseadas na ideologia do chamado 'Milagre Grego'. Esse tipo de concepção, segundo a qual todas as realizações da Grécia Antiga não poderiam ser entendidas satisfatoriamente como uma simples sucessão de eventos históricos, teve grande aceitação nos meios acadêmicos e letrados do final do século dezenove até meados do século vinte. Meu objetivo, com este artigo, é discutir algumas passagens de algumas das obras infatis, especialmente 'O Minotauro' e 'Os Doze Trabalhos de Hércules', onde Lobato apresenta suas opiniões pessoais sobre a Grécia Antiga e demonstrar sua filiação em relação a autores, principalmente da segunda metade do século dezenove, que teorizaram acerca do 'Milagre Grego'. Além disso, é minha intenção mostrar que Lobato foi distanciando do mundo dos adultos e se aproximando do universo infantil ao mesmo tempo em que mergulhava na Grécia mitológica e clássica.

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