Abstract
As espécies melitófilas de uma área de caatinga foram caracterizadas quanto à morfologia e recursos florais, floração e abelhas visitantes. As coletas foram realizadas, durante quatro dias consecutivos, em fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro/2000 (10º47'37'S e 42º49'25'W). A área foi percorrida das 06:00 às 17:00 h, seguindo dois transectos paralelos (com 450 m × 100 m e 550 m × 100 m) e distando 50 m entre si, abrangendo 10 ha. As 42 espécies melitófilas identificadas (55% da flora local) foram visitadas por 2.924 indivíduos de 41 espécies abelhas. As famílias Caesalpiniaceae e Malpighiaceae foram as mais visitadas. As espécies predominantemente visitadas por 35 espécies de abelhas, correspondendo a 78% do total de indivíduos foram: Byrsonima blanchetiana Miq., Copaifera coriacea Mart., Senna macranthera, Peltogyne pauciflora Benth., Senna gardneri (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Serjania comata, Mouriri pusa (Gardner), Jatropha mutabilis (Pohl.) Baill., Maytenus rigida Mart. e Turnera calyptrocarpa Urb. (24% da flora apícola). A produção de flores dessas espécies representou 95% do total. Em geral, os aspectos básicos da morfologia floral das espécies: pequenas, dispostas em inflorescências, zigomorfas, de cores alva e rosa, monoclinas e com deiscência longitudinal das anteras, não diferiram em relação à flora local, corroborando o seu caráter generalista. O predomínio de interações generalistas deve-se à abundância local de abelhas eussociais nativas (Meliponinae) e Apis mellifera. Embora a produção de flores tenha sido maior na estação chuvosa, as abelhas foram mais abundantes no período seco, indicando que o recurso não limitou a atividade das abelhas. As plantas do estrato arbustivo e herbáceo floresceram mais intensamente no período seco e chuvoso, respectivamente, gerando um grau de compartimentalização no padrão de uso dos recursos pelas abelhas. Esse padrão pode favorecer a manutenção das abelhas solitárias, de pequeno porte, incapazes de competir eficientemente com abelhas eussociais com alta capacidade de comunicação e exploração dos recursos mais abundantes como Apis mellifera. Os resultados indicaram que não apenas a composição florística, mas a estratificação e a forte sazonalidade da floração foram determinantes da composição e do padrão local de uso de recursos pelas abelhas em caatinga.
Highlights
ABSTRACT – (The bee flora of caatinga vegetation on sand dunes in Bahia State, Northeastern Brazil)
A maioria das espécies floresceu intensamente durante o período seco (55%), com redução na intensidade com a proximidade do período chuvoso
O número de espécies melitófilas encontrado nas dunas de Ibiraba foi elevado (55% das espécies) em relação à composição florística da área amostrada, que registrou 72 espécies
Summary
Local de estudo – O estudo foi desenvolvido em uma área de 10 ha de dunas distando cerca de 2 km da margem esquerda do rio São Francisco, inserida na Área de Proteção Ambiental das Dunas e Veredas do Baixo Médio rio São Francisco, no povoado de Ibiraba, município de Barra, Bahia (10o47’37”S e 42o49’25”W). Espécies melitófilas nas dunas de Ibiraba, BA, Brasil no ano de 2000: intensidade da floração (forte , moderada e fraca ), estrato (E - emergente, S - superior e I - inferior); hábito (Arb - arbustiva, Arv - árvore, Tesc - escandentes e T - trepadeira, Sarb - subarbustivas, H - herbáceas, Hp - hemiparasitas, Ca - cactáceas); dimensão das flores (cm) e inflorescências (entre parênteses); cor da corola ( A - alva, Am - amarela, C - creme, Vm - vermelha, R - rosa, V - verde, Ev - esverdeada, L - lilás, La - laranja, S - salmão, Rx - roxo); e o número de indivíduos e espécies de abelhas visitantes florais coletados.
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