Abstract

Este artigo aborda, de forma breve, a receção de um tipo de discurso que remonta à épica homérica pela historiografia portuguesa do século XVI: a epipolesis. Numa época de emulação, os historiógrafos quinhentistas fizeram das suas obras não só repositórios da memória passada, mas também composições elevadas e eruditas em que a retórica desempenhou um papel determinante. Tal como na Antiguidade, assiste-se à progressiva dramatização das obras historiográficas, com a inserção de impressivas descrições de batalhas e de discursos, como a epipolesis. Na circunstância, este tipo de discurso imprime enargeia às ekphraseis em que se enquadram, já que um capitão, proferindo um discurso exortativo enquanto avança pelas alas do seu exército, contribui não só para a consagração do seu estatuto de ótimo general, como provoca comoção nos leitores destas narrativas. Assim, do ponto de vista metodológico, um corpus de discursos identificado na historiografia portuguesa quinhentista é analisado tipológica e diferenciadamente de acordo com fatores como a superfície terrestre ou marítima em que os ditos discursos são pronunciados. Em seguida, o mesmo corpus será analisado de acordo com os princípios metodológicos aplicados por Longo (1983) aos discursos de Tucídides que, atendendo à sua pronunciação, podem ser unitários ou diferenciados dependendo da homogeneidade ou heterogeneidade qualitativa do auditório.

Highlights

  • Em finais de 2004, estreou o filme Alexander, superprodução cinematográfica dirigida por Oliver Stone, sobre a biografia do exemplar general da Antiguidade, Alexandre, o Grande

  • This article briefly discusses the reception of a type of discourse that goes back to the Homeric epic by the Portuguese historiography of the sixteenth century: epipolesis

  • From a methodological point of view, a corpus of discourses identified in the 16th century Portuguese historiography is analyzed typologically and differently according to factors such as the terrestrial or maritime surface in which the said discourses are pronounced

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Summary

A epipolesis

Em finais de 2004, estreou o filme Alexander, superprodução cinematográfica dirigida por Oliver Stone, sobre a biografia do exemplar general da Antiguidade, Alexandre, o Grande. O episódio de Alexandre, na obra de Cúrcio, remete para o arquétipo de epipolesis[6] que ocorre no Canto 4 da Ilíada: Agamémnon, à medida que percorre a pé as fileiras do exército, detém­‐se junto de alguns contingentes de tropas a quem dirige arengas personalizadas:. Justamente, a partir deste verbo que, séculos depois, Estrabão aplicará pela primeira vez o termo epipolesis, referindo­‐se objetivamente àquele episódio de Agamémnon pronunciar diferentes arengas enquanto percorria as fileiras de soldados (kai en te epipolesei o Agamemnon).[11] De igual modo, também Plutarco denomina a mesma situação com idêntico termo (palin tou Agamemnonos en te epipolesei ton Diomeden loidoresantos).[12] Se, na Antiguidade, o termo. Henriques 20 sobre a receção de diferentes tipos de arenga pela historiografia portuguesa do século xvi

Epipolesis a cavalo ou a pé
Epipolesis no mar a bordo de uma pequena embarcação
Epipolesis simples
Epipolesis com decomposição do auditório
Extensão e conteúdo argumentativo
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