Abstract

Este texto tem como objetivo investigar a circulação do imaginário sobre a "América Latina", produzido em diversas instâncias de produção discursiva, entre representantes da crítica e do pensamento de cinema no Brasil, durante as décadas de 1950 e 1960. Momento crucial da produção reflexiva em torno dos dilemas das transformações sociais, econômicas e políticas pelas quais o país passava, o contexto assinalado foi palco da emergência de diversas expressões culturais, artísticas e intelectuais, através das quais se revelava a disputa em torno do sentido dos processos de mudança política em curso. O presente artigo tem por meta analisar o debate no qual críticos de cinema, intelectuais e cineastas se posicionaram quanto à busca de uma expressão política e estética que, enquanto identidade latino-americana, fosse capaz de dar sentido ao protagonismo político daquela geração.

Highlights

  • Ao explorarmos, em perspectiva ampla, as diversas representações sobre a formação nacional desde o século XIX, pouquíssimos foram os intelectuais, políticos e letrados brasileiros que conceberam o país de forma articulada ao conjunto dos países de língua espanhola das Américas

  • Como me proponho a investigar a circulação daquelas ideias, pressuponho também que as fronteiras entre o mundo acadêmico, político e artístico no contexto assinalado eram por demais fluidas, havendo mesmo um embaralhamento entre vocações artísticas, acadêmicas e políticas, sendo o cinema para aquelas gerações “o melhor veículo para refletir sobre e intervir na realidade brasileira” (Ridenti, 2000, p. 93)

  • Se o dilema vivido pelo ambíguo personagem Paulo Martins expressava, por um lado, o desengano, o alijamento do poder e a derrota histórica do nacionalismo de esquerda diante do golpe militar 137 de 1964 no Brasil, por outro lado projetava uma trama povoada de alegóricas representações das forças sociais e políticas do continente latino-americano: a elite tradicionalista, aristocrática, cristã e conservadora representada por Diaz – referência ao ditador mexicano Porfírio Diaz, bem como, genericamente, ao “conquistador ibérico” e à figura do tirano10; a burguesia progressista, face moderna da classe

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Summary

Introduction

Em perspectiva ampla, as diversas representações sobre a formação nacional desde o século XIX, pouquíssimos foram os intelectuais, políticos e letrados brasileiros que conceberam o país de forma articulada ao conjunto dos países de língua espanhola das Américas.

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