Abstract

Resumo O setor petrolífero tem uma vasta experiência com políticas de Conteúdo Local (CL), em particular na Noruega. No Brasil, essa política ganhou força nos governos Lula da Silva, mas começou a sofrer desgaste nos governos de Dilma Rousseff. A tentativa de repactuar aspectos dessa política em 2015 chegou tarde e, no governo Temer, sofreu um rebaixamento considerável. O objetivo deste artigo é entender a facilidade política e a rapidez com as quais o processo se deu, a partir de dois fatores. Primeiro, a tempestade perfeita que atingiu a Petrobras em meados de 2014 e em 2015, com uma forte queda de preço do petróleo e os impactos da Operação Lava Jato e outros fatores. Segundo, o desgaste ao qual a política de Conteúdo Local foi submetida, identificada como parte do problema, e não da solução, para o desenvolvimento brasileiro. A partir de uma análise das medidas governamentais e do posicionamento dos atores relevantes, percebe-se que a política de Conteúdo Local foi sacrificada no intuito atrair operadoras internacionais.

Highlights

  • The political economy of local content requirements in the oil sector from Lula to Temer The oil sector has vast experience with local content requirements, in Norway

  • Os índices de CL estabelecidos por um governo, também conhecidos como índices de nacionalização, se referem à parte dos bens e serviços adquiridos para atividades de exploração e produção em um país que devem ser de origem nacional

  • A Petrobras adotou uma política de terceirização, seguindo a tendência das grandes empresas privadas, que alcançou até mesmo atividades de inovação e de engenharia

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Summary

Requerimentos de conteúdo local – contextualização

Os índices de CL estabelecidos por um governo, também conhecidos como índices de nacionalização, se referem à parte dos bens e serviços adquiridos para atividades de exploração e produção em um país que devem ser de origem nacional. Cabe observar que o uso de política de CL em países em desenvolvimento era discutido, em geral, em relação a investimentos externos diretos (por exemplo, em Chang, 2004b), mas, no caso do Brasil, era importante para garantir o adensamento das cadeias em torno de empresas nacionais, no caso, a Petrobras. O CL serve para corrigir falhas de mercado (Tordo; Warner; Manzano; Anouti, 2013), já que o próprio mercado não conseguiria garantir aumento da participação das empresas nacionais diante da expansão da demanda, por ineficiências em seu funcionamento. O conceito implica priorizar capital de origem nacional

A experiência norueguesa
A experiência brasileira até o governo Lula
O conteúdo local nos governos Lula e Dilma
Questionamentos à política de CL
Problemas identificados na literatura
Tempestade perfeita
O Governo Temer e o desmonte 2016-2018
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