Abstract

Resumo O objetivo deste texto é o de discutir, no interior do paradigma marxista, o que se considera ser o aspecto central do debate sobre a “Economia do Conhecimento”, e que antecede todos os demais, qual seja: a natureza e o significado da mercadoria-conhecimento. Mais especificamente, o propósito é evidenciar o caráter rentista da “nova economia”, a partir da análise crítica da tese da desmedida do valor (Eleutério Prado), e da tese da ausência de valor nas mercadorias-conhecimento (Rodrigo Teixeira e Tomas Rotta). Evidenciamos a necessidade de se avançar para níveis menos abstratos de análise, particularmente, no sentido de relacionar o rentismo às reconfigurações contemporâneas do imperialismo e da dependência.

Highlights

  • Introdução Recentemente, muitas visões entusiastas, pode-se dizer “fetichizadas”, da Economia do Conhecimento e da Informação vêm ganhando notoriedade, expressando-se nos mais curiosos prognósticos, como, por exemplo, a ideia de Rifkin (2014), segundo a qual o recente surgimento da Internet das Coisas estaria levando o capitalismo ao ocaso, ao mesmo tempo em que este mesmo capitalismo decadente estaria dando luz a uma extraordinária “economia de compartilhamento”

  • Para além destas convergências e divergências entre os autores acima, existem algumas questões que serão problematizadas na sequência: a primeira é um aspecto eminentemente teórico sobre a analogia entre a renda do conhecimento e os juros, a segunda é uma observação sobre a atual forma histórica da relação entre a financeirização e a mercantilização do conhecimento e, por fim, discutiremos a importância de se incorporar categorias menos abstratas – como imperialismo e dependência – para a superação de limitações pontuais nas análises da mercantilização do conhecimento

  • 3.1 A analogia entre a renda-conhecimento e os juros

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Summary

Pós-grande indústria e renda-conhecimento análoga aos juros

Em Prado (2005a, 2005b, 2010), podemos identificar a questão da mercantilização do conhecimento em meio às suas análises a respeito da mudança histórica na natureza do suporte material do capital fixo, que deixou de ser tangível para ser imaterial. Eis o ponto de ruptura com a ideia de Prado: enquanto para este o conhecimento necessariamente tem que ser considerado um capital de empréstimo, já que se trata de um valor de uso não disputável, Teixeira e Rotta concebe-o como uma mercadoria sem valor, dada a inexigibilidade do trabalho (intelectual ou não) para a sua reprodução. Mas caso essa máquina possua uma capacidade produtiva superior devido a uma força monopolizável e não reprodutível pelo trabalho (aspecto qualitativo) – como é o caso do exemplo dado – que lhe permita estabelecer seu preço de produção abaixo do preço de mercado, então outra parte deste sobrelucro se converterá em renda-conhecimento. Note-se que enquanto o limite máximo da renda absoluta depende da capacidade de aumentar a exploração da força de trabalho, o limite máximo da renda de monopólio depende da capacidade ou disposição a pagar do consumidor

Considerações sobre as abordagens teóricas da mercadoria-conhecimento
A analogia entre a renda-conhecimento e os juros
A relação histórico-concreta entre a financeirização e a mercantilização do conhecimento
A necessidade da incorporação do imperialismo e da dependência na análise da economia do conhecimento
Proeminência das rendas absoluta e de monopólio
Economia do Conhecimento e imperialismo
Mercadoria-conhecimento como fruto da espoliação
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