Abstract

Neste artigo, sugiro que a indústria do turismo mundial está mobilizada em torno de um
 núcleo, a atração turística, que está afastada e protegida do intercâmbio económico. Se o turismo
 é, de facto, a maior indústria do mundo, é por causa e não a despeito da separação da sua
 principal estrutura motivacional e moral do mercado. Aqui exploro as implicações do facto de
 que o sistema global de atrações turísticas é uma enorme coleção de “bens gratuitos” democráticos,
 abertos e disponíveis para todos verem. A indústria do turismo depende desta oferta interminável
 de atrações de livre acesso, mantidas por governos, ONG e/ou simplesmente existentes
 na sociedade e na natureza. A indústria do turismo mundial só pode prosperar se a sua estrutura
 moral e motivacional permanecer isolada das transações do mercado. O Taj Mahal, a Torre Eiffel,
 o Partenon, o Grand Canyon, a Estátua da Liberdade, as Montanhas Karakorum, etc., não estão
 à venda. Mais de mil milhões de turistas gastam 1,5 biliões de dólares por ano para viajar internacionalmente
 e ver coisas que não podem comprar ou ter no sentido material; que ninguém,
 por mais rico que seja, pode comprar; que muitas vezes nem conseguem tocar. A enormidade
 do turismo hoje é possível apenas porque as forças causais que estão no coração da economia
 do turismo são inteiramente imaginárias e simbólicas. Na sua essência, a economia turística é
 menos económica do que fenomenológica. E o principal impulso do turismo, a sua motivação
 mais profunda, não é materialista, mas democrática. O overtourism (excesso de turismo) resulta
 da própria indústria que explora agressivamente o facto de que não implica matérias-primas, não
 necessita de desenvolver cadeias de fornecimento, não precisa de fábricas e não se envolve em
 qualquer conceção, fabrico, montagem ou distribuição. O consumidor trabalha de graça, na realidade,
 paga para fazer o trabalho do turismo e torna-se o produto. Estas eficiências neoliberais
 levam ao overtourism. O overtourism pode ser facilmente controlado ao nível local.

Highlights

  • Overtourism can be controlled at the local level

  • -nos que já quando Plutarco visitou Delfos, fê-lo como turista: “[na] época de Plutarco... o templo tornou-se um local turístico com guias organizados a mostrar os espaços às multidões”

  • Permitam-me sublinhar mais uma coisa relativamente ao argumento que estou a defender: no coração da economia turística mundial, massiva e crescente, está um tipo de objeto muito especial, definido pelo seu poder de retenção na imaginação do turista e pelo facto de que ele existe para além do alcance do intercâmbio económico

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Summary

Dean MacCannell

Departamento de Design Ambiental, Universidade da California, Estados Unidos da América. De facto, a maior indústria do mundo, é por causa e não a despeito da separação da sua principal estrutura motivacional e moral do mercado. Aqui exploro as implicações do facto de que o sistema global de atrações turísticas é uma enorme coleção de “bens gratuitos” democráticos, abertos e disponíveis para todos verem. A indústria do turismo mundial só pode prosperar se a sua estrutura moral e motivacional permanecer isolada das transações do mercado. A economia turística é menos económica do que fenomenológica. O overtourism (excesso de turismo) resulta da própria indústria que explora agressivamente o facto de que não implica matérias-primas, não necessita de desenvolver cadeias de fornecimento, não precisa de fábricas e não se envolve em qualquer conceção, fabrico, montagem ou distribuição. Palavras-chave turista global pré-moderno e moderno; experiência turística; compacto turístico moderno; pacotes turísticos; excesso de turismo

Democracia e o turista moderno
Comercializar o contrato
Porque é que o turismo cresce tão rapidamente
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