Abstract
Nas últimas três décadas, a Psicologia Escolar brasileira vem passando por ressignificações no que se refere ao seu papel ético e político. Em contraposição a um passado em que a área apresentou defesas teóricas e práticas que contribuíram para a manutenção do poder opressor e das desigualdades sociais, caminhou-se rumo ao reconhecimento da pertinência de se comprometer com a transformação social. O presente artigo teórico objetiva apresentar reflexões acerca de como a produção científica em Psicologia Escolar pode e deve assumir compromissos com a mudança de condições sociais, históricas e culturais, de modo a conduzir processos emancipatórios do homem. Verificou-se que a pesquisa em Psicologia Escolar tem se caracterizado pelo compromisso não apenas com a construção de conhecimentos a respeito de determinados fenômenos, mas destacadamente com a proposição de possibilidades interventivas que potencializem, quando necessário, mudança das questões investigadas. Como considerações finais, aponta-se para a imprescindibilidade da pesquisa em Psicologia Escolar configurar-se como ato político, filiada a pressupostos teóricos, metodologias e estratégias interventivas que ofereçam ferramentas sociais concretas para alavancar mudança das realidades sociais injustas, opressoras, alienantes, bem como mediar fortalecimento e empoderamento dos profissionais que atuam, especialmente, em contextos educativos.
Highlights
Historicamente, a Psicologia foi criticada por apresentar defesas teóricas e práticas que contribuíram para a manutenção do poder opressor e das desigualdades sociais (Ibáñez, 2011; Martín-Baró, 1986/2011, 1989/2011; Montero, 2011; Parker, 2014; Wolff, 2011)
Uma das primeiras ações desenvolvidas em prol da referida ressignificação consistiu na ampliação do tipo de investigação psicológica até então dominante, que, como sintetiza Wolff (2011), ora tomava o indivíduo como único ponto de análise e referência ora se restringia ao acompanhamento dos fatos imediatos de sua vida individual e familiar, não contemplando as raízes históricas e sociais dos fenômenos estudados
Essa perspectiva é definida por Denzin e Lincoln (2006) como “um campo interdisciplinar, transdisciplinar e, às vezes, contradisciplinar, que atravessa as humanidades, as ciências sociais e as ciências físicas” (p. 21) e que propõe a utilização de um conjunto de práticas materiais e interpretativas sob o objetivo de dar visibilidade ao aspecto qualitativo de fenômenos que não poderiam ser examinados ou medidos em termos de quantidade, volume, intensidade ou frequência
Summary
Lorena de Almeida Cavalcante(1); Claisy Maria Marinho-Araujo(2) 1 Universidade de Brasília (UnB), Brasília, Brasil. O presente artigo teórico objetiva apresentar reflexões acerca de como a produção científica em Psicologia Escolar pode e deve assumir compromissos com a mudança de condições sociais, históricas e culturais, de modo a conduzir processos emancipatórios do homem. Verificou-se que a pesquisa em Psicologia Escolar tem se caracterizado pelo compromisso não apenas com a construção de conhecimentos a respeito de determinados fenômenos, mas destacadamente com a proposição de possibilidades interventivas que potencializem, quando necessário, mudança das questões investigadas. Aponta-se para a imprescindibilidade da pesquisa em Psicologia Escolar configurar-se como ato político, filiada a pressupostos teóricos, metodologias e estratégias interventivas que ofereçam ferramentas sociais concretas para alavancar mudança das realidades sociais injustas, opressoras, alienantes, bem como mediar fortalecimento e empoderamento dos profissionais que atuam, especialmente, em contextos educativos.
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