Abstract

Este trabalho analisa quais aspectos do futebol foram tipificados como problemáticos em editoriais da Folha de S. Paulo durante o período de 2008 a 2017 e interpreta o caráter ideológico potencial dessas tipificações. Para tanto, adota o conceito de ideologia elaborado por John B. Thompson, que entende que uma forma simbólica pode ser caracterizada como ideológica quando estabelece e sustenta relações de dominação. Também adota a sua proposta metodológica – a hermenêutica de profundidade –, que é organizada em três fases: análise sócio-histórica, análise formal ou discursiva e interpretação/reinterpretação. Entre outras coisas, conclui que o material analisado é potencialmente ideológico porque mantém o futebol feminino e o machismo nas arquibancadas na penumbra, naturaliza a lógica neoliberal que orienta a produção do espetáculo futebolístico, contribui para fazer crer que a corrupção é um fenômeno permanente e imutável e expurga as torcidas organizadas, construindo-as como um elemento irracional no meio da coletividade torcedora.

Highlights

  • This paper analyzes which aspects of football were typified as problematic in Folha de S

  • Também cabe ressaltar que o machismo não foi problematizado em nenhum editorial, reforçando a ideia de que as mulheres e os problemas por elas enfrentados permanecem na penumbra na FSP, o que contribui para manter o universo do futebol sob domínio dos homens

  • Reflexões sobre o “Projeto Torcedor” alemão: produzindo subsídios para o debate acerca da prevenção da violência no futebol brasileiro a partir de uma perspectiva sociopedagógica

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Summary

Conceito de ideologia

Em Ideologia e Cultura Moderna, Thompson (2000) retraça os contornos históricos do conceito de ideologia, distinguindo dois tipos gerais de concepções: as neutras, que entendem que a ideologia é um aspecto da vida social entre outros, não sendo nem mais nem menos atraente do que qualquer outro, e as críticas, que entendem que ela carrega consigo um criticismo implícito. Mais ainda: pode levar-nos também a considerar uma mesma forma simbólica como ideológica sob certos aspectos e como contestatória sob outros. Ao estudar a ideologia, podemos nos interessar pelas maneiras como o sentido mantém relações de dominação de classe, mas devemos, também, interessar-nos por outros tipos de dominação, tais como as relações estruturadas entre homens e mulheres, entre grupo étnico e outro, ou entre estados-nação hegemônicos e outros estados-nação localizados à margem do sistema global Além de se interessar pelas mais diferentes formas de dominação e opressão, o conceito de ideologia desenvolvido por Thompson (2000) rechaça a ideia de que toda ideologia seja intrinsecamente ilusória – colocando o seu caráter enganador apenas como uma possibilidade contingente. Trata-se de uma concepção política de ideologia – uma vez que traz para o seu âmago a questão do poder – e não epistemológica – uma vez que nada diz acerca da questão da verdade, ou melhor, de como conhecemos o mundo social

Metodologia da interpretação
Condições problemáticas
Análise dos editoriais e interpretação da ideologia
Findings
Considerações finais
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