Abstract

A hegemonia da prisão como medida punitiva universal em contraposição à anterior publicização da pena é um fato histórico que marcou a passagem para a modernidade. A partir desse quadro paradoxal que permaneceu na sociedade moderna após o surgimento da prisão, busca-se, neste artigo, expor explicações, de fundo sociológico, acerca da passagem de uma forma pública de punição para uma encapsulada e distante da sociedade, a partir de dois autores que parecem se contrapor, tanto teoricamente, quanto metodologicamente: o sociólogo alemão Norbert Elias e o filósofo francês Michel Foucault. Ambos chegam por vias distintas a explicações sobre esse quadro paradoxal, embora ainda guardem alguns pontos de contato. Por fim, sinalizamos como esse diagnóstico já estava, de alguma forma, anos antes, presente nos escritos durkheiminianos. Essa pluralidade de explicações, advindas de tradições teóricas distintas, acerca de um mesmo fenômeno, traz a evidência de que a permanência da prisão e seu desajuste com a sociedade contemporânea é um fenômeno social objetivo, independentemente de tal ou qual abordagem sociológica.

Highlights

  • The hegemony of prisons as universal punitive measure, in contrast to previous public sentencing, is a historic fact that marked the transition to modernity

  • Nas apresentações das interpretações teóricas, buscar-se-á dar ênfase ao quadro contraditório que permaneceu após o surgimento da prisão: embora a punição tenha aparentemente se adocicado e acabado com as cenas bárbaras de violência, ainda encontramos, no interior da sociedade contemporânea, um clamor punitivo passional da sociedade

  • Theoretical Criminology, v. 4, n. 1, p. 71–91, 2000

Read more

Summary

Introdução

Um objeto de investigações sociológicas pertinentes é bem identificado quando diferentes pensadores em diferentes correntes teóricas tentam explicá-lo, ou parecem poder explicá-lo. Nas apresentações das interpretações teóricas, buscar-se-á dar ênfase ao quadro contraditório que permaneceu após o surgimento da prisão: embora a punição tenha aparentemente se adocicado e acabado com as cenas bárbaras de violência (na medida em que foi centralizada por um poder estatal representado pela figura do sistema penal), ainda encontramos, no interior da sociedade contemporânea, um clamor punitivo passional da sociedade. Veremos como se pode dar conta dessa questão inspirados por essas duas interpretações teóricas distintas. Julgou-se válido traçar um paralelo com a obra do sociólogo Émile Durkheim, que, embora não tenha se debruçado sobre essa passagem histórica em questão, conseguiu apontar para o quadro contraditório descrito ainda no começo do século XX

Do fim do suplício ao surgimento da prisão: breve retomada histórica
A interpretação elisiana: a repressão dos instintos e o processo histórico
Considerações Finais
Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call

Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.