Abstract

Moçambique é historicamente conhecido por ser um território voltado ao seu exterior, tanto por escoar a produção da hinterland da África Austral (como seus vizinhos África do Sul, Suazilândia, Zimbabwe e Malawi), como pelo antigo direcionamento da economia do país para a exportação da produção interna. Ainda que o atual modelo dos chamados “mega projetos” continue a estimular essa lógica extravertida, desde a independência do país, em 1975, o governo moçambicano vem reunindo esforços na tentativa de integrar seu território e configurar uma economia eminentemente nacional. Tal tarefa cabe, no que tange à circulação de mercadorias, ao modal rodoviário, através de inúmeras rodovias (quase nunca pavimentadas), de instrumentos normativos e instituições regulatórias voltados ao transporte rodoviário de cargas, e de diferentes operadores de transporte (desde empresas até motoristas autônomos e transportadores informais). Assim, com base na proposta de Milton Santos de compreender o espaço geográfico a partir de suas dimensões técnicas e político-normativas, este artigo busca fornecer um quadro atualizado da circulação interna de mercadorias em Moçambique.
 
 Abstract
 
 THE INTERNAL CIRCULATION OF GOODS IN MOZAMBICAN TERRITORY: A COUNTRY ON WHEELS
 
 Mozambique is historically known for being a territory turned to its exterior, both because it drains the Southern African inner production (especially its neighbors South Africa, Swaziland, Zimbabwe and Malawi) and because its economy has long been directed to the exportation of its domestic production. Even though the current “megaprojects” model stills follows this extraverted logic, since the country’s independence in 1975 the Mozambican government has been making an effort to integrate the territory and set up a national economy. When it comes to the circulation of goods, this task depends on road transport by means of numerous roads (mostly unpaved), normative instruments, regulatory institutions and various transport operators (such as companies, autonomous drivers and informal carriers). Thus, based on Milton Santos’ proposal to understand the geographical space through its technical and political normative dimensions, this article attempts at providing an updated framework for the inner circulation of goods in Mozambique.

Highlights

  • THE INTERNAL CIRCULATION OF GOODS IN MOZAMBICAN TERRITORY: A COUNTRY ON WHEELS Mozambique is historically known for being a territory turned to its exterior, both because it drains the Southern African inner production

  • South Africa, Swaziland, Zimbabwe and Malawi) and because its economy has long been directed to the exportation of its domestic production

  • Even though the current “megaprojects” model stills follows this extraverted logic, since the country’s independence in 1975 the Mozambican government has been making an effort to integrate the territory and set up a national economy. When it comes to the circulation of goods, this task depends on road transport by means of numerous roads, normative instruments, regulatory institutions and various transport operators

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Summary

Introdução

A maior parte da literatura e das análises voltadas ao entendimento da circulação de mercadorias no território moçambicano é praticamente unânime em qualificá-lo essencialmente como um território voltado ao exterior. Se no caso da circulação extravertida de mercadorias em Moçambique, apesar da importância histórica das ferrovias, o modal rodoviário já é protagonista desse processo, na dimensão interna são basicamente as rodovias que integram o território moçambicano em escala nacional, como sugerido por Perez-Niño Partindo do entendimento do espaço geográfico de Santos (1996) como um sistema integrado de objetos e ações, o artigo está estruturado em três partes: a primeira apresenta, de forma resumida, a rede rodoviária moçambicana (sistema de objetos); a segunda é voltada a uma análise do arcabouço político-normativo do transporte rodoviário de cargas no país (sistema de ações); e a última dedica-se a apresentar os principais agentes desse movimento, que se valem tanto das infraestruturas rodoviárias quanto das políticas e normas relacionadas. São tecidas algumas breves considerações sobre a importância dessa dinâmica interna de circulação para o território moçambicano a partir dos elementos aqui discutidos

Fluidez e viscosidade territorial: a rede rodoviária moçambicana
A regulação do transporte rodoviário de carga em Moçambique
Os agentes do transporte rodoviário de carga em Moçambique
Considerações finais
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