Abstract

O artigo propõe a releitura do processo de construção e decoração da Biblioteca da Universidade de Coimbra, conhecida como Biblioteca Joanina (1716-1728). O texto reinterpreta o contexto artístico e cultural da primeira metade do reinado de D. João V (1707- acerca de 1728) e o impacto dos projetos do arquiteto italiano Filippo Juvarra para a nova cidade de Lisboa (1719). A construção da Biblioteca Joanina integrou o plano de renovação do conhecimento em todos os campos do saber promovido por D. João V, pela rainha D. Maria Ana de Áustria e pela corte portuguesa. Desta forma, o artigo oferece uma nova interpretação do programa iconográfico, baseado na metáfora militar. A Biblioteca torna-se fortaleza da Sabedoria que o estudante-soldado é chamado a conquistar. No interior, o espaço do conhecimento é dividido em três etapas progressivas: o espaço da adquisição dos novos saberes (Imago Bibliotecae); do conhecimento académico (Universitas) e do enciclopédico (Enciclopedia). Porém, o verdadeiro objetivo final é alcançar a sabedoria do Sabio Cristão, tal como a descreve padre Rafael Bluteau nas suas Prosas Academicas… (1717-1728). Chegando ao fim do seu percurso, depostas as armas aos pés do soberano, o estudante-conquistador espelha-se no retrato de rei D. João V, imagem vivente do Sabio Cristão. O texto aprofunda, também, os seguintes tópicos: 1) as conexões artísticas com a arquitetura italiana e austríaca; 2) as estreitas relações entre a pintura de arquiteturas em perspetiva, realizada nos três tetos da Biblioteca Joanina por António Simões Ribeiro e Vicente Nunes, e a tradição da “quadratura” bolonhesa; 3) a carência de fornecimento de livros para a Biblioteca da Universidade de Coimbra, depois da conclusão do edifício e ao longo da segunda metade do reino de D. João V; 4) a reinterpretação da quadratura dos tetos da Biblioteca Joanina por António Augusto Gonçalves no século XIX; 5) as obras de restauro promovidas pela Direção dos Monumentos Nacionais entre 1931 e 1934 e o envolvimento do pintor Joaquim Lopes, Professor de artes no Porto.

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