This essay examines África arte Negra, a major exhibition of over 750 African artworks that traveled to Rio de Janeiro, São Paulo, and Brasília from 1969 to 1970. Organized by Henri Senghor, independent Senegal’s first ambassador to Brazil, in collaboration with both Senegalese and Brazilian officials and curators, the exhibition became a site of debate about Brazil’s national identity and definitions of art, presenting an idea of Africa through the art of numerous ethnic communities on the continent. The exhibition articulated independent Senegal’s theory of Négritude, broadly defined as an anticolonial intellectual movement promoting African and diasporic culture and solidarities as well as global Black consciousness, which clashed with Brazil’s rhetoric of racial democracy. Yet the exhibition, I argue, mended these competing discourses for the sake of diplomacy, creating bridges grounded in African art and the history of exchange between West Africa and Brazil.

Dialogando con el trabajo de otros investigadores, el artículo estudia la intervención de la petrolera estadounidense Esso en la esfera cultural y artística de Colombia durante la Guerra Fría. En particular, se explora la posibilidad de que algunas manifestaciones artísticas patrocinadas por la Esso hayan funcionado como un instrumento de diplomacia blanda (soft diplomacy) en las fases que precedieron y acompañaron el lanzamiento, en 1961, por parte del presidente estadounidense Kennedy, del ambicioso programa de ayudas económicas, políticas y sociales para Latinoamérica denominado Alianza para el Progreso. Cargado de supuestos anticomunistas y modernizadores, este programa tuvo en Colombia uno de sus principales receptores de ayuda.

Um levantamento das exposições de tecidos realizadas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 1948 e 1978 mostrou sua relevância na concepção de modernidade que pautou a missão do museu. A partir de análises preliminares dessas exposições, a primeira parte do artigo estabelece as hipóteses de uma função didática e política dos tecidos enquanto objetos expositivos privilegiados pelo MAM Rio. Na segunda parte, orientada por essas hipóteses, um estudo de caso da tapeçaria francesa investiga sua presença marcante no museu, sua relação com a geopolítica da arte no segundo pós-guerra e com processos de elaboração crítica do campo artístico brasileiro, como os debates em torno da abstração, da arquitetura moderna e da “síntese das artes” em Brasília. Conclui-se que ao longo do período estudado a tapeçaria francesa frequentemente encarnou didáticas e políticas de conciliação no meio brasileiro, tanto nos embates locais com as linguagens modernas nos anos 1950, quanto nos impasses de renovação e contestação dos anos 1960.

Este artigo apresenta e discute a organização, realização e recepção da exposição individual de Roser Bru (Barcelona-Chile, 1923-2021), ocorrida em 1964 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio). Roser Bru nasceu na Espanha, mas se estabeleceu no Chile, participando ativamente do contexto artístico daquele país. A discussão parte de um objetivo geral de pensar a circulação de mulheres artistas em geopolíticas institucionais, que configuram processos de construção de reconhecimento de obras e trajetórias nas narrativas históricas. A análise considera o debate em torno de formação de redes internacionais para a circulação de artistas, ao observar os trâmites de organização da exposição entre instituições chilenas e brasileiras. Roser Bru foi a sexta artista estrangeira a realizar uma exposição individual no MAM Rio, em uma sequência de exposições internacionais dedicadas a artistas sul-americanas no museu. A investigação da exposição em si parte de fontes bibliográficas e de documentos do MAM Rio para o debate sobre sua organização, e os comentários sobre sua obra no Brasil são apresentados a partir de levantamento e análise das críticas sobre a exposição publicados na imprensa do período.

A presente edição da Revista MODOS: Revista de História da Arte conta com vinte e dois textos inéditos. Dentre os quais, destacamos os artigos do dossiê "Circulações e geopolítica nas artes visuais". Os artigos selecionados apresentam pesquisas, que em seu conjunto buscaram restabelecer contextos históricos, processos de produção e circulação artística, relações pessoais e institucionais. Tais pesquisas entrelaçam fronteiras geográficas e territórios culturais, explicitam conexões existentes entre divisões geopolíticas e interesses econômicos. Juntas trazem outros modos de ver geografias, lugares e pessoas, de maneira a repensarmos nossa própria relação com o mundo a partir de suas representações.

O seguinte artigo apresenta uma análise da exposição Imagem do Brasil, organizada pelo Museu de Arte de São Paulo, na cidade de Bruxelas no ano de 1973. A exposição fez parte da programa cultural da Brasil Export ’73, uma grande feira de exportação organizada pelo governo militar. O objetivo do artigo é examinar como uma narrativa histórica que excluiu os indígenas e valorizou as influências europeias para a história, arte e cultura do Brasil foi apresentada na exposição. Para realizar a análise, foram usados como base o catálogo da exposição, a teoria geopolítica adotada no período militar e um extrato de relatório sobre a feira encontrado no Sistema de Informações do Arquivo Nacional. Foi constado que houve um alinhamento ideológico entre a exposição e a perspectiva geopolítica dos militares, em um contexto no qual o governo federal buscou estreitar os laços econômicos com a Europa e contribuir para que o continente se distanciasse da influência soviética.

Este artigo pretende reconstruir alguns momentos cruciais da reformulação do modelo bienal que tiveram lugar na América Latina e na Europa entre as décadas de 1960 e 1980. Movendo-se entre Havana, Medellín, São Paulo e Veneza, esta pesquisa analisa a reflexão teórica multifacetada sobre a transformação do modelo, entrelaçando-a com edições de bienais, exposições e projetos não realizados que tentaram implementar essa reforma. Além disso, destaca-se a participação de historiadores e críticos de arte nesses eventos, demonstrando como o estudo da circulação de ideias e pessoas oferece uma perspectiva mais ampla para a compreensão da história individual e coletiva das bienais. Em particular, a pesquisa traz à luz a trama por trás da reformulação do modelo bienal, mostrando como essa foi o resultado de um trabalho conjunto, mas desterritorializado, que envolveu uma multiplicidade de agentes e instituições.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos empreendeu uma série de iniciativas destinadas a melhorar as relações com os países latino-americanos, nas quais estiveram envolvidas muitas das instituições culturais do país, incluindo o Museu de Arte Moderna de Nova York. A exposição Brazil Builds foi um dos projetos mais notórios organizados por este museu que fazia parte dessa programação e um dos seus objetivos era simbolizar o reconhecimento dos avanços modernistas da região. Paralelamente, o museu também montou a exposição Faces and Places in Brazil, um levantamento fotográfico dos diversos povos e regiões do país. Este ensaio destaca a necessidade de analisar ambas as exposições em conjunto com sua circulação no exterior, para revelar os conflitos raciais que atravessaram as relações diplomáticas entre os dois países durante aqueles anos.

Este artículo revisa el circuito institucional de la gráfica en Latinoamérica durante los años setenta a partir del estudio de los programas de las Bienales Americanas de Grabado de Chile, las Bienales del Grabado Latinoamericano de San Juan en Puerto Rico y las Bienales Americanas de Artes Gráficas de Cali, Colombia, que durante las décadas del sesenta y del setenta, construyeron escenarios de promoción de la disciplina, en un periodo de auge, donde instituciones, artistas, gestores y críticos empezaron a crear alianzas, proyectos e intercambios en el continente y que conectó a artistas latinoamericanos residentes en Estados Unidos. A través de un estudio comparativo de los tres eventos se establece una ruta de la gráfica americana que permitió la circulación de nuevos lenguajes, de asociaciones y de proclamas ideológicas y políticas en las distintitas versiones que se desarrollaron, particularmente en 1970, año en el que las tres iniciativas coincidieron, permitiendo establecer diálogos regionales y continentales que incidieron en la construcción de un nuevo escenario del arte latinoamericano, por fuera de los centros artísticos del periodo y que se extendió a lo largo de la década del setenta.

The article examines a network of artists from Latin America in Europe connected by their experience of exile and the set of transnational relations they created through their practices. It focuses on the Netherlands, and Amsterdam in particular, as a critical node and geo-artistic site in a broader diaspora of Latin American artists in Europe as of the 1960s. The essay centers on the work of Raul Marroquin (Colombia), Ulises Carrión (Mexico), Claudio Goulart and Flavio Pons (Brazil) and their production of publications and mail art that formed a significant artistic network in the postwar period. It examines how their work was key in establishing mediums of communication, connection and support among Latin American artists in Europe, as well as a larger international network of artists. In the widespread use of the term marginal and alternative to describe their unconventional art practices, this paper also considers a more capacious understanding of this vocabulary as it relates to these artists’ peripheral position(s) and non-normative identities.