O desemprego enquanto fenômeno psicológico torna-se, em tempos de recessão econômica, um objeto de estudo de particular interesse. Ampla é a literatura acerca das consequências negativas do desemprego sobre o bem-estar das pessoas nesta situação. No entanto, observa-se que um grande número dos estudos centra-se somente na pessoa em desemprego e em variáveis individuais (tais como idade, sexo, características de personalidade e duração do desemprego, por exemplo). O objetivo da presente revisão narrativa de literatura, foi apresentar como o modelo bioecológico pode contribuir para a análise do fenômeno do desemprego, conferindo complexidade e dinamismo na abordagem desta problemática. A pesquisa bibliográfica foi feita nas bases de dados Academic Search Complete, PsycArticles, PsycInfo, Scielo, Scopus e SocIndex. Considerando a família como uma teia complexa de relações sistêmicas, onde as interações se dão de forma bidirecional, compreende-se que seus diferentes subsistemas são afetados por pressões externas, mas também podem agir proativamente na preservação de um equilíbrio interno de funcionamento. Observou-se que o gênero é uma dimensão marcante para a articulação dos papéis familiares e profissionais, sendo esta uma variável que atravessa e condiciona a experiência de desemprego nas famílias heteronormativas com maior adesão aos papéis tradicionais de gênero. O presente trabalho integra parte da tese de doutorado da autora.