Este artigo foi inspirado no filme Esplendor, (Hicari; 2017), da diretora Naomi Kawase, devido à abordagem poética presente na linguagem de sua obra. À luz de autores da filosofia e do cinema, o artigo propõe uma reflexão sobre o conceito da audiodescrição no cinema e sua capacidade de desenvolver novos repertórios de imagem a partir de uma audiodescrição que contemple a linguagem cinematográfica. Assistir a um filme é usufruir da imagem que, ligada a outros elementos de linguagem de câmera, sonoros, dramáticos, cenográficos, espaciais e temporais, gera em cada espectador uma profusão dos sentidos. Estes elementos conjugados são a forma de representação simbólica da arte do cinema e, ao serem descritos em palavras, produzem novas relações simbólicas, fundamentais para a fruição da arte cinematográfica. Esta escrita não versa sobre o conceito e as formas de audiodescrição que a personagem do filme Esplendor, a audiodescritora Misako, utiliza em seu trabalho, tampouco sobre a audiodescrição do filme feita no Brasil, mas sim sobre uma audiodescrição que leve em consideração a poeticidade das imagens no momento de suas descrições.