O presente artigo objetiva debater o Subsistema Educacional para o Desenvolvimento Sustentável (SUEDS), uma política educacional municipal implementada entre os anos de 1993 e 1996 pela Prefeitura Municipal de Belém, Estado do Pará, na Amazônia brasileira. À luz do Materialismo Histórico e Dialético, toma-se como corpus empírico os denominados “Cadernos Caminhos da Educação”, os quais foram publicados pela Secretaria de Educação Municipal (SEMEC), em um total de sete volumes. Questiona-se no discurso institucional do período o ideário moderno da inauguração de um novo tempo, trazendo consigo inovações educacionais. Este momento da história política educacional municipal recente de Belém tem sido abordado em dissertações, teses e artigos científicos em universidades públicas e privadas localmente. Conclusivamente, aponta-se que este Subsistema efetivou na prática uma perspectiva neoliberal e, em muitos aspectos, conservador, pois abordou a conjuntura local (problemas sociais, econômicos e ambientais) silenciando os aspectos estruturais à formação social capitalista, violenta, genocida, etnocida, homogeneizadora dos espaços e geradora de pobreza na riqueza.

Nosso objetivo neste trabalho é traçar um quadro geral da pedagogia histórico-crítica, destacando seus principais momentos e características, a fim de compreender e explicitar sua essência. Tomamos como objeto de nossa leitura imanente alguns textos do principal formulador da corrente pedagógica em questão, a saber, o professor Dermeval Saviani. Ainda que não constitua uma investigação minuciosa do já imenso manancial de textos e práticas referentes à pedagogia histórico-crítica, nossa contribuição talvez possa ajudar na visualização de seus contornos gerais e de seu fio condutor. Assim, ainda que de modo singelo, pretendemos contribuir na divulgação e investigação de uma vertente pedagógica bastante importante nas disputas em torno dos caminhos da educação brasileira.

O presente estudo tem como intuito analisar a obra “Educação Física cuida do corpo e ‘mente’”, de João Paulo Subirá Medina. Para isso foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Concluímos que caracterizar Medina como um pensador “marxista” foi um erro por parte de autores como Daolio na década de 1990. Os motivos para essa narrativa ter ganhado força são vários, dificuldade de alguns autores em diferenciar o campo crítico do marxismo, influência indireta do marxismo nas formulações de Medina (através de alguns conceitos como totalidade e alienação), momento conjuntural de uma explosão de pensamento crítico possível pela recente abertura democrática e o rápido desenvolvimento acadêmico/científico da Educação Física nos anos 1980/90.

Refletir sobre educação conduz a uma análise das formas como os homens se relacionam entre si e com a natureza, posto que o modo de produção de cada momento histórico determina uma estrutura educacional específica. Enquanto construção histórica, percebe-se também variações dentro de um mesmo sistema econômico, numa perspectiva de educação mais inclusiva ou mais excludente, a depender da correlação de forças entre as classes sociais existentes. Neste sentido, apesar de a formação integral, politécnica ou omnilateral se apresentar como uma proposta de educação que só pode ser plenamente atingida em uma sociedade na qual a classe trabalhadora detenha o poder político, é possível, ainda dentro do sistema de domínio do capital, encontrar o germe de tal formação: o Ensino Médio Integrado (EMI). Constituem suas dimensões formativas o trabalho, a ciência e a cultura; numa articulação entre teoria e prática. Este artigo objetiva discutir um pouco sobre a importância do conselho de escola nessa travessia para uma formação integral, materializada no EMI, a partir de leituras bibliográficas. Entendemos que o órgão, ao permitir que a comunidade escolar delibere sobre aspectos pedagógicos, financeiros e administrativos da instituição escolar, constitui-se num laboratório de cidadania, numa oficina que une a teoria (conteúdos sobre cidadania) à prática. Concluímos afirmando que a escola que pretende formar o sujeito na sua integralidade, deve estimulá-lo a participar dos processos decisórios, compreendendo-o como cidadão do futuro e do presente.

Este artigo examina conceitos utilizados na literatura sobre educação integral com o objetivo de explicitar a relação entre princípios epistemológicos e finalidades pedagógica e ideológica das políticas educacionais, que fundamentam as experiências pedagógicas realizadas no Brasil. Para tanto, utiliza-se a técnica de análise histórico-crítica (Maciel; Braga, 2008; Saviani, 2003), metodologicamente fundamentada no materialismo histórico-dialético (Marx, 1983a; Netto, 2011), pela qual se torna possível apurar lacunas, omissões, equívocos e imprecisões conceituais (denominados metaforicamente, aqui, de ruídos analógicos), entre princípios epistemológicos e finalidades político-ideológicas. Por este caminho, descobre-se que os ruídos analógicos consistem em desvincular princípios epistemológicos das finalidades político-ideológicas das pedagogias, técnica por meio da qual se dilui a história no presente, suprime-se a gênese e as contradições do processo. A partir de 2007, as experiências pedagógicas em educação integral no Brasil deixam de ser raras e pontuais, porém, quanto mais se fala, menos se faz educação integral na escola pública.

SHEFFER, E. Crianças de Asperger: as origens do autismo na Viena nazista. Tradução de Alessandra Bonrruquer. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2019.

O artigo abrange o recorte histórico do governo Bolsonaro (2019-2022) e explicita uma análise preliminar do Programa Future-se, apresentado à sociedade pelo Governo Federal em julho de 2019. O intento com a produção deste texto é contribuir para o debate de modo a possibilitar uma compreensão mais ampla acerca das proposições presentes no referido programa. Salienta-se que a discussão apresentada se caracteriza como uma pesquisa documental, a partir da análise histórica das configurações sociais que contribuíram para a elaboração do Future-se. Essas configurações, por sua vez, em nossa avaliação, encontram-se alicerçadas no ideário neoliberal, que tende, via de regra, pautar as ações de modo mercadológico. Entendemos, portanto, que a hegemonia do neoliberalismo traz implicações para todas as esferas da vida social atual. A análise nos levou a considerar que o Programa Future-se representa uma real ameaça a autonomia universitária e suas proposições afetarão de modo negativo a educação pública superior. Isso porque, segundo nossa avaliação, trata-se de um cavalo de Tróia, que se apresenta como modernizador, mas, tende a abrir precedentes que poderão implicar na concretização de políticas neoliberais, por meio do vínculo público-privado.

O presente artigo tem por objetivo apresentar um estudo sobre o ensino da história das ideias pedagógicas na formação de professores, buscando aprofundar a reflexão sobre a importância e a validade do estudo da Pedagogia Histórico-Crítica na disciplina de História da Educação nos currículos dos cursos de licenciatura. A partir da obra “História das ideias pedagógicas no Brasil”, nosso objetivo é demonstrar que o estudo das teorias pedagógicas, ao longo da história brasileira, permite aos estudantes uma percepção crítica e profunda sobre o desenvolvimento das relações capitalistas de produção, de modo que tenham condições de fazer uma leitura histórica da educação, sempre tratada em contexto, possibilitando se posicionar diante dela enquanto sujeitos da história e de sua própria narrativa. Adotando o materialismo histórico e dialético, como referencial teórico-metodológico, defendemos a importância de estudar as teorias pedagógicas para a compreensão do movimento que levou à proposta das habilidades e competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da BNC-Formação, bem como as consequências que essa proposta traz para a formação dos alunos, precarizando o processo de ensino-aprendizagem e dificultando o entendimento da realidade concreta que vivenciamos sob o neoliberalismo.

Hilgenheger, N. Johann Herbart. Tradução e organização: José Eustáquio Romão. Recife: Fundação Joaquim Nabuco: Massangana, 2010. p. 35-137.

En este texto se presenta a la evaluación como objeto a tratar, entendiendo a esta categoría como algo mucho más complejo que la simple reflexión docente sobre la tarea de enseñanza. El objetivo primordial de este artículo, es visibilizar a la evaluación como una categoría fundamentalmente política, que funciona como un dispositivo, que tensiona todas las prácticas educativas, y que se encuentra enmarcada dentro de la episteme moderna, que es la que rige a todas las instituciones en Occidente, conformando un tipo de formación determinada, para un sujeto determinado, consecuente con una sociedad también determinada. Con un enfoque que establece un corrimiento de los estudios habituales planteados por la educación en general, el objeto de tratamiento aquí presentado, es decir, la evaluación, es pensado como un procedimiento que, justificado en premisas pedagógicas, conforma un dispositivo de institucionalización y, por lo tanto, de gobierno, capaz de cobrar diferentes formas, siempre regido de manera directa por la premisa del progreso y el desarrollo de las libertades individuales. Sostenida por las instituciones de manera constante, tiene como objetivo estratégico respaldar al sistema capitalista, formando de manera consecuente al orden que establece, priorizando la reproducción de los modos que el sujeto debe adquirir, definiendo para ello, las bases del saber legítimo que privilegian sus formas constitutivas y que establece-las prácticas discursivas dominantes.