A partir da incorporação da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (ONU) na Constituição brasileira e da promulgação da Lei Brasileira da Inclusão, um novo conceito de deficiência foi estabelecido. O presente artigo objetiva refletir sobre o contexto atual de implantação do instrumento de avaliação da condição de deficiência, o Indice de Funcionalidade Brasileiro Modificado (IFBr-M) e as concepções de pessoa com deficiência vigentes, para o debate na educação por ser considerada uma das políticas públicas sociais básicas alcançada por essas pessoas. Com o aporte do materialismo histórico-dialético, analisa o construto histórico da deficiência, com pesquisa bibliográfica. Os resultados apontam para a necessária superação da visão biológica da deficiência, considerando que o desenvolvimento humano é cultural, não é dado simplesmente pela natureza, depende da coletividade humana e da apropriação dos conhecimentos acumulados no decurso sócio-histórico; ainda indicam as dificuldades para a operacionalização do instrumento de avaliação decorrentes da complexidade do fenômeno da deficiência.

O cinema além de retratar vivências de períodos históricos, também pode ser compreendido como um meio educativo revelando possibilidades para o desenvolvimento da perspectiva crítica de análise fílmica. Além disso, é fonte cultural que pode condicionar e constituir dimensões de estruturas sociais. Por conta da relevância do cinema na compreensão destas dimensões, nos propomos a estudar e discutir a categoria Trabalho e às relações de precarização do trabalho e da vida no Brasil, alienação e a mercadorização do trabalhador por intermédio da análise fílmica da película “Sete prisioneiros” (2021). Para tanto, foram escolhidos trechos do filme, os quais foram analisados a partir dos referenciais teóricos de autores como Marx (1818-1883) e Williams (1921-1988). Dentre as principais contribuições deste artigo, destacamos a possibilidade de aproximar e dialogar os campos das Relações de Trabalho e Cinema, através do método de análise fílmica dos Estudos Culturais de Williams como instrumento de análise teórico-empírico.

Este artigo objetiva apresentar e discutir aspectos gerais da história da escola primária pública paulista, com ênfase no nascimento e na institucionalização dos grupos escolares no estado de São Paulo, entre 1893 até 1920. Foi desenvolvido a partir de análise bibliográfica, com suporte legal. Mostra que a criação dos grupos escolares representou uma tentativa de inovação da educação primária, ao conceber essa escola a partir do modelo de ensino intuitivo, de uma organização renovada (em seus espaços e tempos) e da oferta de um padrão de qualidade pretensamente superior à de qualquer outro modelo de escola então existente. Todavia, ao se localizarem maiormente nos espaços urbanos centrais, ao menos até 1920, rompeu com o próprio sonho republicano da unidade formativa, permitindo a legalização de uma educação diferenciada: a rural e a urbana, a central e a periférica.

A narrativa conta a história das/dos trabalhadoras/es a partir das suas experiências cotidianas no “fazer-se” profissional da instrução pública primária no momento histórico em que viveram. Trata-se de saber quanto recebiam as/os professoras/es na Província da Parahyba do Norte e comparar com os valores de moradias, aluguéis e de pessoas escravizadas e outros montantes pagos às/ aos demais trabalhadores/as da época. O estudo tem início em 1858, com a lei nº 9 de 29 de outubro, que prescreveu os valores salariais dos docentes residentes na Capital e de outras localidades, e se estende até 1864 com a lei nº 178, de 30 de novembro, que elencou normativas para a instrução pública e particular, primária e secundária. O referencial teórico da história social tornou-se suporte para a análise das leis e regulamentos da instrução, dos relatórios de presidentes de Província, jornais e documentos diversos catalogados em arquivos nacionais e estaduais do Brasil. Utilizaram-se dois conjuntos de categorias para análise: como os preços das moradias e/ou aluguéis/compra/venda de imóveis; o custo de escravizados/as e salários pagos a outros/as trabalhadores/as. O intercruzamento dos preços com os salários e gratificações permitiu a aproximação dos valores de ordenados recebidos. Conclui-se que estes salários eram desatualizados, pois retrocederam ao regulamento de 1852 com a média, em 1864, de 400$000 rs. anuais e, portanto insuficientes para garantir a sobrevivência das/os professoras/es de primeiras letras da Província da Parahyba do Norte.

Objetivou-se neste trabalho realizar um balanço sobre a produção científica na área da história da educação que diz respeito ao tema da escolarização no sertão de Minas Gerais, entre o período de 1880 e 1945. A investigação concentrou-se em mapear os trabalhos publicados em quatro revistas acadêmicas especializadas na área, utilizando o descritor “Minas Gerais”. Após as análises, verificou-se o pouco investimento dos pesquisadores nos estudos sobre a história da escolarização no sertão de Minas Gerais. Dessa forma, acredita-se que a história da educação em perspectiva regionalizada pode vir a subsidiar descobertas já existentes que tracem um itinerário global e nacional sobre os objetos investigados, bem como contribuir para novas descobertas na área.

Este artigo tem como objetivo analisar as relações de trabalho das mulheres, traçando as semelhanças e as diferenças por meio da imprensa, no contexto brasileiro, mais especificamente no estado do Paraná, na cidade de Ponta Grossa, comparando com excertos da imprensa moçambicana. Neste estudo, adotamos como viés de análise a perspectiva metodológica da abordagem teórica histórico-crítica. Assim, os posicionamentos teóricos de Karl Marx e Friedrich Engels ganham destaque em relação à análise sobre o trabalho e suas contradições, presentes no contexto político e econômico de uma sociedade capitalista. Ao longo do artigo, abordamos a função social da mulher na origem da exploração de classe por meio do trabalho. Exploramos a relação entre a mulher, o trabalho e a educação com base nos dados apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Discutimos também o uso da imprensa como fonte primária e seu surgimento no Brasil, desde a imprensa artesanal até a industrial, como uma importante fonte de estudos e pesquisa para a historiografia de um determinado momento histórico. Além disso, examinamos a representação da mulher moçambicana e da mulher pontagrossense no trabalho, conforme retratadas pela imprensa. Nas considerações finais, destacamos a necessidade de políticas inclusivas que realmente valorizem e atendam às necessidades das mulheres no mercado de trabalho, sem distinção de cor, sexo, idade, biotipo corporal, estado civil ou qualquer outro atributo que vá além de sua capacidade e força de trabalho.

A Educação Infantil no Brasil recebeu influências de outros países e, mais especificamente em relação ao currículo, inspirou-se nos Campos de Experiência propostos na Itália. Essa aproximação entre os dois países, gera interesse na discussão dos conceitos utilizados na legislação por eles, já que vivem realidades diferentes e apresentam suas próprias particularidades, principalmente, em relação à Educação. Assim, propomos uma discussão conceitual sobre o termo Campos de Experiência(s) em sua origem, na visão de pesquisadores da legislação italiana comparados aos existentes na legislação brasileira contidos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para que isso fosse possível, foram consultados textos em italiano, de pesquisadores italianos, em inglês, para autores que foram mencionados como inspiradores e em português, para comparação com o contido na legislação brasileira.

O artigo traz um estudo sobre a concepção de homem, trabalho, cultura e educação em Álvaro Borges Vieira Pinto (AVP). Filósofo brasileiro que dedicou sua vida aos estudos sobre existência, ciência e desenvolvimento nacional. Nosso objetivo é compreender o pensamento de AVP sobre a cultura humana em sua totalidade e as relações estabelecidas pelo homem na luta pela vida em seus aspectos materiais, sob a premissa da dialética na apreensão do mundo humano e as relações da ciência neste devir histórico. O material investigado traz autores como Adam Schaff, Erich Fromm, Victor Paro etc., e do material produzido por AVP. O mundo humano é um mundo da natureza, cuja investigação das relações humanas é produto do homem, sob a concepção que o mesmo engendra para si. Na investigação do objeto, a base é o materialismo, que se fundamenta na história, cujo resultado o leitor está convidado a conferir.

Neste artigo, resultado de revisão bibliográfica, são apresentados aspectos biográficos de Lev Semionovitch Vigotski. Junto com outros pesquisadores, tais como Leontiev e Luria, Vigotski consolidou a Teoria Histórico-Cultural abarcando os campos da psicologia, da educação dentre outros. A Teoria histórico-cultural trata da dimensão social do psiquismo humano na qual os sistemas de signos (como a fala) e ferramentas (como a escrita), enquanto produção cultural, têm papel relevante. Aqui são explicitadas as dimensões históricas, políticas e culturais em que tal teoria foi desenvolvida, notadamente a origem judaica de Vigotski, a Revolução Russa, as influências do marxismo sobre os estudos acerca do desenvolvimento humano, a censura ao autor e os problemas de saúde que levaram à sua morte.

Este artigo objetiva retratar a degenerescência assumida pelo componente educacional, especificamente sobre o campo dos fundamentos da educação, frente a díade “ideário pedagógico neoliberal”/“discurso pós-moderno”. Parte de um resgate histórico do que tem sido denominado “pós-modernidade”. Na sequência investiga a representação deste conceito sobre os fundamentos da educação assumidos pelos componentes educacionais das várias nações capitalistas desde as reformas neoliberais da década de 1990. O esforço de síntese vale-se do conjunto de teorias pedagógicas florescidas nas três últimas décadas, constitutivas do “ideário pedagógico neoliberal”, para validação da tese norteadora, qual seja: justaposição entre neoliberalismo e “pós-modernidade”. As teorias consideradas para validação desta tese são, respectivamente, o construtivismo eclético, a pedagogia das competências, a pedagogia do professor reflexivo, a pedagogia dos projetos, a pedagogia corporativa e a pedagogia multiculturalista.