Este trabalho consiste em uma análise sócio-histórica da atuação do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) na educação, mais especificamente no âmbito do ensino primário, em um período marcado pelo avanço do sistema capitalista de produção. Nessa direção, a educação escolar atinge novos patamares de importância na agenda estatal, uma vez que se tornava imperativo garantir a efetivação do direito à educação e, não obstante, formar os indivíduos para o exercício da cidadania em um cenário democrático e qualificá-los para o exercício dos novos postos de trabalho que o capitalismo proporcionaria nos anos vindouros. Isto posto, foi realizado um levantamento de dados junto a fontes primárias e secundárias, que posteriormente foram sistematizados e analisados criticamente, possibilitando a identificação do que foi idealizado e efetivamente realizado pelo governo Kubitschek no âmbito do ensino primário para adequá-lo às necessidades de um país em acelerado processo de modernização econômica, cultural, política e social.

Neste artigo, analisamos o pensamento histórico de estudantes do ensino médio a partir da interpretação de fontes documentais que evidenciam a escravidão brasileira no século XIX. A pesquisa foi realizada em uma escola pública federal da cidade de São Cristóvão, em Sergipe, e contou com a participação de 48 jovens com idades entre 16 e 19 anos. Os dados foram coletados a partir de um instrumento composto por questões abertas que, dividido em três etapas, estimulavam a identificação dos elementos técnicos da fonte (data, local de emissão e autoria), os agentes envolvidos, além de incentivar uma reflexão acerca do conceito de escravidão. Considerando os pressupostos da Educação Histórica, observamos que, embora os estudantes consigam perceber o conceito substantivo que lhes é apresentado, demonstram dificuldade para o desenvolvimento dos conceitos de segunda ordem, tais como a comparação entre fontes e, principalmente, a interpretação histórica.

Este estudo foi realizado no contexto de uma Unidade de Aprendizagem (UA) sobre alimentos, em uma turma de 20 estudantes de nono ano do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual do interior do Rio Grande do Sul, Brasil, no componente curricular de Ciências. O objetivo geral da investigação foi compreender as características das perguntas propostas pelos estudantes no decorrer da UA. Para tanto, pretendeu-se dar resposta para a pergunta: como se caracterizam as perguntas formuladas pelos estudantes no desenvolvimento de uma UA sobre alimentos? As informações analisadas foram perguntas propostas pelos estudantes relativas à temática “alimentos”, realizadas durante o desenvolvimento da UA. Os resultados fornecem indicativos de que, ao longo das atividades, o percentual de perguntas de caráter investigativo avançou consideravelmente. Como conclusão, afirma-se que isso pode estar associado aos pressupostos do modo de organização dos conhecimentos escolares que tem como princípio a pesquisa, sendo esta capaz de mobilizar a curiosidade epistêmica, o que pode favorecer a emergência de um número significativo de perguntas investigativas. Defende-se, portanto, a relevância de desenvolver ações educativas que instiguem ao questionamento, superando a mera busca por informações ou explicações.

A Liga de Educação Cívica da Bahia, grupo da sociedade civil destinada a promover campanhas cívico-patrióticas na capital do estado, elaborou e fez circular uma série de discursos e práticas bastante concretas de intervenção na educação, especialmente voltados ao público escolar infantil e seus principais agentes, os professores. O objetivo deste trabalho é investigar tais iniciativas, de modo a perceber a formação de um imaginário social forjado em torno da escola que a associava a um ideário de patriotismo durante a Primeira República brasileira. Para fins do estudo proposto, fundamentamos nosso entendimento do significado de educação cívica nas formulações de Ângela de Castro Gomes (2009) e Joaquim Pintassilgo (2013), associadas à teoria de difusão dos ideários nacionalistas como construída em Benedict Anderson (2008) e Eric Hobsbawm (1990). A interpretação das fontes guiou-se pelos princípios da análise do discurso de Michel Foucault (1996) e sua busca, seleção e ligação analítica foram tecidas conforme o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg (1989). O exame dos documentos demonstrou que sob uma retórica cívico-patriótica, a Liga de Educação Cívica legitimou um imaginário de intervenção na escola sob a justificativa de defesa da nação, muitas vezes suprimindo possibilidades de livre exercício da docência – contexto que pode nos ajudar a compreender fenômenos educacionais de nossa atualidade.

Este trabalho analisou o trato com o conhecimento, participação e aprendizagem na disciplina de Educação Física, em uma escola pública de João Pessoa durante a pandemia, quando vigorou o ensino remoto. Participaram 13 estudantes que responderam a um questionário e um professor que, além disso, foi entrevistado. Foram utilizadas, para a análise dos dados coletados, as técnicas de estatística descritiva e análise de conteúdo, orientadas pela referência materialista histórico-dialética. Concluiu-se que, na realidade descrita, o ensino remoto reduziu de forma abissal as possibilidades de realização da tríade conteúdo-forma-destinatário e que a educação presencial garante, a cada pessoa, a possibilidade de enriquecer seus estudos nas complexas relações sociais próprias da prática social da humanidade.

A educação das mulheres no Brasil sofreu transformações que acompanharam demandas sociais e ideologias que permeavam a mentalidade brasileira em cada período político. Entre 1824 e 1988, os anos, respectivamente, da primeira e da última Constituição, diversos projetos políticos pretendiam institucionalizar a educação das mulheres e estabelecer diretrizes para sua oferta e garantia. Neste artigo, objetivamos identificar como a legislação brasileira e as discussões que a envolveram podem ajudar na compreensão da educação das mulheres e, consequentemente, para a educação no país. Associando a História da Educação com a História das Mulheres no Brasil, os seguintes teóricos auxiliaram nas análises e interpretações: Cury (2014), Faria Filho (1998), Hobsbawm e Ranger (1997) e Perrot (2019). A metodologia empregada aliou a pesquisa bibliográfica à pesquisa documental, desvelando quais foram as possibilidades constitucionais resultantes das demandas sociais encabeçadas por mulheres e homens sensíveis às suas causas. A investigação permitiu entender que a escolarização das mulheres partiu de uma educação destinada ao lar para a construção de uma educação que tem como premissa a necessidade de ser emancipadora, plural e democrática. Tal compreensão nos remete às transformações legais, embora morosas, que ampliaram a oferta da educação das mulheres e resultaram na sua formação e maior participação nos espaços públicos e de poder.

O artigo pretende analisar a atuação do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior no que se refere às intervenções políticas feitas no governo de Jair Messias Bolsonaro nas Universidades Federais no período de 2019 a 2022. Para tanto, utilizamos as técnicas de levantamento bibliográfico e documental produzido pelo ANDES em especial o documento: A invenção da balbúrdia: dossiê sobre as intervenções de Bolsonaro nas Instituições Federais de Ensino Superior, além de notas, informativos e publicações científicas analisadas na perspectiva do método Materialista Histórica Dialética. O período foi marcado por intervenções nas escolhas dos reitores, sendo o referido sindicado defensor do direito a liberdade de cátedra e a autonomia das Universidades.

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo investigar a contradição entre a mecanização do ensino gerada pelo ensejo de alcançar metas estabelecidas pelos índices de qualidade e os propósitos de formação integral do aluno apresentados nos documentos de uma instituição de educação básica pertencente à rede pública do município de Jacarezinho/PR e culminou num minicurso de formação para os profissionais da escola. A pesquisa pautou-se no Materialismo Histórico-Dialético, que permitiu analisar a realidade em sua totalidade histórica e seus reflexos nas políticas educacionais e documentos norteadores do ensino na escola de tempo integral. O termo educação em tempo integral é comumente confundido com Educação Integral, enquanto formação ampla do ser humano, como sinônimos. O tempo que o aluno passa na escola, interfere em sua aprendizagem, mas não garante uma formação emancipatória. Assim, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, analisamos a implantação do SAEB e a criação do IDEB como principal indicador de qualidade, investigamos os documentos norteadores da escola pesquisada, abordamos o conceito de educação integral no contexto histórico brasileiro e finalizamos com um minicurso de formação docente intitulado “O impacto do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, na realidade escolar”. O desenvolvimento do minicurso com os profissionais atuantes na escola, demonstrou a necessidade de formação crítica na qual conheçam a realidade histórica e as contradições presentes nas políticas educacionais implementadas que antes de apontar legítima qualidade da educação, direcionam para a formação alienada que atenda aos interesses de mercado.

MALVEZZI, M. C. F. O Ensino religioso na Base Nacional Comum Curricular: contribuições para o debate. 2019. 240 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, 2019.

O artigo traz reflexões da tese de doutorado em desenvolvimento junto à linha Trabalho, Sociedade e Educação, do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia. A problematização da tese diz respeito à precarização do trabalho da mulher docente, por ocasião da implementação de planos de gestão nas instituições públicas. É necessário, no entanto, por meio de pesquisa bibliográfica, discorrer primeiramente acerca do pressuposto do estudo que busca descrever a centralidade do trabalho e os principais conceitos marxistas relacionados à essa atividade vital. Da mesma maneira, busca problematizar a dualidade gerada pelo modo de produção capitalista, nessa atividade considerada a ontologia do ser social, onde o trabalho passa a não ser mais utilizado somente para produzir valor de uso, isto é, trabalho concreto, mas também valor de troca, trabalho abstrato e suas implicações para a formação humana na contemporaneidade. Centra-se nas análises marxianas e marxistas expressas no pensamento de Marx e Engels, Braverman e George Lukács. Demonstra as novas formas de exploração do trabalho expressas na uberização das relações trabalhistas.