Abstract
A partir de pesquisa realizada em um município do extremo oeste do estado de São Paulo e convertido em complexo penitenciário, foi possível analisar as especificidades do sistema prisional paulista mediante o que se configurou como turismo penitenciário. O objetivo do artigo é analisar à luz da Sociologia Econômica os efeitos do encarceramento em massa a partir do recorte de mercado. O método consistiu em etnografia e entrevistas semi-estruturadas. A pesquisa conclui que o fluxo das visitantes, identificadas pela categoria nativa mulher de preso, reconverte não só o comércio local como já observado por outras pesquisas como igualmente seus significados, conforme observa Zelizer. Se os presos situam-se num lugar a parte, a política de interiorização dos presídios e sua respectiva dinâmica de mercado inserem as suas famílias num lugar a parte e aprofundam desigualdades. 
 Palavras-chave: Prisões. Turismo penitenciário. Estado. Mercado. Consumo.
Highlights
Resumen: Sobre la base de una investigación realizada en un pequeño pueblo ubicado en el extremo oeste del estado de São Paulo y convertido en un complejo carcelario, se hizo posible analizar ciertas especificidades del dispositivo carcelario de la provincia de São Paulo a través de lo que se configuró como turismo carcelario
Estes momentos prolongariam sua exposição em espaços públicos da cidade, assim como prestação de serviços fora dos horários estabelecidos são inexistentes ou negados como veremos adiante
A decisão do atual prefeito foi exigir aos proprietários das pousadas que regulamentassem suas condições legais referentes ao alvará com a prefeitura, para que então pudesse tomar alguma medida oficial em relação às denominadas casas clandestinas
Summary
Lavínia é um município localizado no extremo oeste do estado de São Paulo. Propomos que aqui ele possa ser tomado como “paradigma empírico” (Elias e Scotson, 2000) do processo de interiorização penitenciária. Godoi et al (2019) analisaram os padrões de espacialização da prisão nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro: o parque penitenciário paulista se caracteriza pela dispersão pelo interior enquanto o carioca se concentra em único bairro da capital. No estado de São Paulo a pulverização das unidades prisionais pelo território organiza a diversificação de instituições quando próximas da área metropolitana, reservando as prisões de regime fechado aos menores municípios do interior paulista, também reconhecido como o fundão, “[...] território privilegiado para o cumprimento das penas” As novas unidades penitenciárias anunciam com eloquência inovações tecnológicas e altos investimentos conforme discurso midiático no momento da inauguração do novo Centro de Detenção Provisória (CDP) de Lavínia, em outubro de 2019: São Paulo é o estado que vai inaugurar o maior número de presídios neste ano. Trabalhar sobre os efeitos do encarceramento de um ponto de vista externo da prisão invoca um aperfeiçoamento contínuo das possibilidades etnográficas e revela um processo penal em circuito: a punição que ressoa na família dos presos
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