Abstract

O percurso que assinala a evolução do saber médico e botânico se entrelaça, de modo imprescindível, com a história da cultura das mulheres. De fato, desde os tempos mais remotos, as funções da mulher, voltadas predominantemente à gestão da dimensão interna da casa e ao domínio do espaço fechado, deram-lhe o domínio da esfera da geração da vida, da fertilidade e do mundo natural, dentro do qual se fazia portadora do conhecimento e dos segredos da cura (MADERNA, 2017, p. 09). Dentre os nomes que se destacam na história das mulheres e da medicina, Trotula de Ruggiero – que, no século XI, desempenhou suas atividades de médica e professora na Escola de Medicina de Salerno, sul da Itália, e que teve a sua presença histórica negada por longo período – parece alcançar cada vez mais notoriedade nos séculos XX e XXI, a considerar estudos e traduções advindos de diferentes partes do mundo e em diferentes línguas. O presente estudo pretende evidenciar como a tradução é uma importante ferramenta e meio para o (re)conhecimento da obra de mulheres como Trotula. Será realizada uma reflexão a partir do tratado De passionibus mulierus [Sobre as doenças das mulheres], escrito por Trotula, no qual trata de elementos que permeiam a saúde, a doença e a beleza das mulheres, visando analisar em que medida a cura pelas plantas, os preceitos de Hipócrates e Galeno, a defesa da higiene e da boa alimentação e o cuidado do organismo em sua relação com o social podem se constituir em lições de Trotula para as mulheres do seu e do nosso tempo.

Highlights

  • The path that marks the evolution of medical and botanical knowledge is intertwined with the history of women's culture

  • Um dos grandes responsáveis por essa mudança foi o imperador Federico II (1194-1250), que, em 1231, tornou obrigatória para o exercício das práticas médicas a frequência na Escola de Medicina de Salerno, o mais prestigioso centro de estudos teórico-práticos da península itálica, reconhecido também em toda a Europa (MADERNA, 2017, p. 55)

  • A observação livre e laica, irrepetível e peculiar da experiência de Salerno, que colocava a escola fora do controle direto da Igreja, talvez esteja na base dessa extraordinária abertura ao mundo das mulheres, aceitas tanto como estudantes quanto como professoras em todas as áreas especializadas, e não apenas na obstetrícia. [...] Esse aspecto é de fundamental importância, pois permitiu que as medichesse se redimissem da condição submersa das praticantes empíricas para se expressarem em uma dimensão intelectual, teórica, até então controlada pelo mundo profissional masculino. (MADERNA, 2017, p. 55, tradução minha)[4]

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Summary

Introduction

The path that marks the evolution of medical and botanical knowledge is intertwined with the history of women's culture.

Objectives
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Conclusion

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