Abstract

Os pressupostos de uma “psicologia do subsolo” foram formulados pelo teórico René Girard (1923-2015) a partir da análise que propôs de toda produção ficcional e não-ficcional (cartas e diários) do escritor russo Dostoievski (1821-1881) em duas obras dos anos de 1960: Mentira romântica e verdade romanesca e Dostoievski do duplo à unidade. Grosso modo, essa noção estaria ligada à maneira segundo a qual se estabelece o fenômeno da mediação interna do desejo em seus níveis mais acirrados e em suas manifestações mais patológicas, em que o masoquismo, o ciúme, o ódio e a inveja atingem estados paroxísticos. Propomos que essa “psicologia do subsolo”, enquanto perfil do herói romanesco, não seria algo confinado aos personagens do escritor russo, mas encontrar-se-ia multifacetada em diversas obras da modernidade, entre elas a escolhida como corpus deste trabalho: O túnel (1948), de Ernesto Sabato. Essa narrativa apresenta as razões que levaram o pintor Juan Pablo Castel a assassinar Maria Iribarne, a única pessoa, segundo conta, a compreender a sua obra. Apresentamos, portanto, uma interpretação dos mecanismos do desejo acionados pelo narrador tendo como eixo as proposições girardianas ligadas à noção do subsolo e à teorização proposta pelo pensador francês a respeito das representações literárias do processo de mediação do desejo.

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