Abstract

O artigo trata de uma forma de turismo bastante recente e ainda pouco estudada: o chamado volunturismo. Seu foco reside na interação entre três volunturistas estrangeiras e um grupo de crianças em uma favela carioca. É nossa intenção apreender o fluxo de emoções construído por meio da produção de imagens fotográficas, cuja dinâmica nos desafia a repensar o que tem sido dito sobre as relações entre fotografia e práticas turísticas. A metodologia de pesquisa envolveu onze meses de observação participante, bem como entrevistas em profundidade com agentes qualificados (lideranças locais, volunturistas e agentes promotores), aplicação de questionários semiestruturados e realização de um grupo focal. Tanto as fotografias que compõem nosso acervo fotoetnográfico quanto as observações de campo colocam os jogos e brincadeiras como atividades centrais desenvolvidas pelas personagens apresentadas neste artigo. Se, por um lado, estávamos em busca de um entendimento das complexidades e nuances que o volunturismo envolve, por outro, destacou-se a posição ambígua na qual nós, pesquisadoras, nos encontramos ao longo da pesquisa.

Highlights

  • Resumen: El artículo se refiere a una nueva forma de turismo, el volunturismo, sobre el cual hay aún poca investigación

  • O que no fim dos anos 1990 era apenas uma “brincadeira”, hoje se desdobra em quatro frentes de atuação: TV Morrinho, Morrinho Exposição, Morrinho Social e Turismo no Morrinho[4], esta última vista como uma iniciativa de turismo sustentável que encontra na experiência de turismo vivida na favela da Rocinha seu maior contraponto (Freire-Medeiros, 2010; Freire-Medeiros e Rocha, 2011)

  • No caso específico da Pereira da Silva e das três volunturistas, vale notar que duas delas regressaram à favela e estiveram atuando como voluntárias por períodos mais longos e por conta própria, ou seja, sem a intermediação da agência promotora

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Summary

Turistas e Câmeras

A estreita relação entre turismo e o ato de fotografar, bem como suas implicações na prática e no ideário da viagem, vêm mobilizando a atenção acadêmica pelo menos desde a publicação de The Tourist Gaze, em 1990. Como bem sabemos, é próprio de qualquer generalização sofrer ponderações quando examinada em detalhe e é isso que pretendemos neste artigo: aproximar a nossa lente em zoom e observar as dinâmicas de um encontro a princípio altamente hierarquizado entre crianças de uma favela e turistas estrangeiras com suas câmeras. Parece haver um consenso de que o maior beneficiado com a experiência do volunturismo não são as comunidades visitadas, mas o próprio volunturista que passaria a ter uma maior consciência de si mesmo e de seu lugar no mundo – isso sem falarmos dos benefícios de se ter no currículo uma experiência de voluntariado no sul global (Wearing, 2001; Worthington, 2005). Estas variáveis foram construídas no campo dos afetos e se expressam de forma muito viva no trabalho realizado pelas volunturistas com as crianças a partir das fotografias e dos muitos momentos lúdicos que as câmeras das pesquisadoras registraram

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