Abstract

Abordaremos, no presente artigo, que os aspectos relativos à medicina oriental se revelam como parte constituinte e não matéria única dos Colóquios dos Simples e Drogas da Índia de Garcia da Orta, médico particular do navegador Martim Afonso de Sousa. Na disposição dialógica por ele apresentada no citado texto, notaremos como os aspectos de sua identidade judaica trazem, à narrativa, tensões que visam driblar a censura inquisitorial, registrando as marcas poéticas suscitadas pelos vários conflitos político-religiosos travados com os católicos durante o Renascimento. Desse modo, fica nossa investigação longe de limitar-se à análise do registro dos fármacos Orientais até então desconhecidos no Ocidente, pois levaremos em consideração que, nos Colóquios, os diálogos ganham também um outro sentido ao se centrarem na marca dessa diáspora provocada pelos crimes e discriminações sociais de que os judeus e cristãos-novos ibéricos eram vítimas há tempos. Isso nos incentivará, por fim, a tomar os diálogos de Garcia da Orta como parte de uma larga literatura renascentista que se revela promissora para o estudo do campo estético em contextos de intensa censura, bem como para o estudo sobre o gradual surgimento de uma estrutura narrativa que prenuncia o romance burguês.

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