Abstract

O artigo analisa os micropassos de mudança linguística da construção contrajuntiva “acontece que”, utilizando pressupostos teóricos do Funcionalismo norte-americano e da LCU. Ao investigarmos textos dos séculos XV ao XXI, computamos 93 ocorrências em três padrões de uso. O primeiro padrão, contexto-fonte, apresenta o verbo acontecer que predica um sujeito oracional, num cotexto contrastivo, marcado por oposição lexical; um segundo padrão, [X acontece que], contexto crítico, instancia “acontece que” com função de focalizador da informação, sempre antecedido por conectores contrajuntivos, “mas”, e, “agora”; um terceiro padrão, [Aconteceque], contexto isolado, apresenta a gramaticalização de “acontece que” como focalizador e como operador argumentativo de contraste. Observa-se que, dentre os valores semânticos da conjunção prototípica “mas”, propostos por Neves (2011), a construção “acontece que” apresenta: contraposição de informação (parcialmente) nova, restringindo negativamente A; contraposição independente, sendo B um elemento não esperado; ou ainda o elemento B nega tudo o que foi considerado em A.

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