Abstract

A relação entre autocontrolo e desempenho académico ainda está insuficientemente estudada, particularmente, o papel desempenhado pelas diferentes componentes do autocontrolo nesse processo. A análise desta última questão constitui o principal objetivo do presente trabalho. Utilizou-se uma amostra de 448 participantes que foram seguidos desde o ensino básico até ao fim da terceira década de vida. Muitas das informações foram fornecidas pelos participantes numa entrevista individual; outras informações foram recolhidas junto dos professores do ensino básico. Os resultados mostraram um efeito moderado de algumas componentes do autocontrolo (v.g., preferência por atividades físicas, tomada de risco e a preferência por tarefas simples) nas medidas de desempenho académico, mesmo após se ter controlado estatisticamente o efeito das variáveis concorrentes. Seria interessante examinar, em trabalhos futuros, a generalização dos resultados a outros aspetos do desempenho académico e comprovar a robustez preditiva das dimensões do autocontrolo e a sua utilidade na promoção do sucesso escolar.

Highlights

  • Resumen La relación entre autocontrol y desempeño académico todavía está insuficiente‐ mente estudiada, particularmente, el papel desempeñado por los diferentes componentes del autocontrol en ese proceso

  • Sem negar a importância dessas variáveis, numerosos investigadores de diferentes disciplinas têm posto em evidência as limitações desta abordagem, defen‐ dendo um papel igualmente importante para os fatores de natureza não-cognitiva no processo

  • Um dos elementos não-cognitivos com elevado potencial heurístico neste contexto é o autocontrolo, habitualmente definido como a capacidade que um indivíduo tem para alterar as suas próprias respostas ou comportamentos de maneira a mais facilmente poder realizar os seus objetivos a longo prazo (Baumeister, Vohs, & Rice, 2007)

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Summary

Autocontrolo e desempenho académico

Que esta característica do indivíduo afete o percurso escolar dos jovens é um facto facilmente observado e reconhecido pelo cidadão comum no dia-a-dia. O seu mérito está em mostrar que as crianças de idade pré-escolar que eram capazes de se autocontrolar (i.e, resistir à tentação de comer um doce imediatamente para ganhar dois doces se esperassem até ao retorno do experimentador, alguns minutos mais tarde) apresen‐ tavam na idade adulta um melhor desempenho académico e profissional bem como em vários outros domínios (Mischel, Shoda, & Peake, 1988; Schlam, Wilson, Shoda, Mischel, & Ayduk, 2013; Shoda, Mischel, & Peake, 1990). Uma vez que o autocontrolo e outras competências similares (v.g., autorregula‐ ção, controlo voluntário, perseverança) aparecem associados, desde cedo, ao bom desempenho escolar e profissional, diversos esforços têm sido feitos para criar programas que facilitem o seu desenvolvimento e, assim, evitar ou minimizar as suas consequências negativas (Piquero, Jennings, & Farrington, 2010; Piquero, Jen‐ nings, Farrington, Diamond, & Gonzalez, 2016). Segundo Heckman, Humphries e Kautz (2014), a razão de um tal sucesso residiria no facto de as competências não-cognitivas serem mais maleáveis e suscetíveis de aprendizagem ou de mudança do que a inteligência ou outras capacidades cognitivas

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