Abstract
Com os objetivos de contribuir para a produção de uma história do ensino de língua portuguesa no Brasil e de compreender os diferentes aspectos envolvidos na adoção e circulação de dispositivos didáticos para esse ensino no século XIX, focaliza-se neste artigo a análise do livro ‘Grammatica analytica e explicativa da língua portugueza’, de José Ortiz e Candido Pardal, adotado oficialmente para uso nas escolas primárias do Rio de Janeiro entre as décadas de 1870 e 1880. Mediante as contribuições da Nova História Cultural e da História da Ideias Linguísticas, analisou-se a configuração textual dessa gramática, a qual se apresenta estruturada sob a ideia de gramática como arte de escrever e falar bem, tal como pressupunha o modelo greco-latino de base filosófica e geral. Verificou-se que a adoção dessa gramática se deu em meio à ausência total de debate pedagógico ou justificativas metodológicas que explicassem a necessidade de renovação dos materiais até então em uso, o que possibilita presumir que sua aprovação e consequente distribuição esteve ligada a interesses de natureza política e ao espaço de privilégio e poder de decisão que ocupava um de seus autores.
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