Abstract

<p>O presente artigo se propõe discutir a revelação no horizonte da recepção. Nesse sentido, parte do pressuposto de que a matriz metafísica é o lugar a partir de onde a compreensão tradicional da revelação se coloca, mas, também, a perspectiva a partir da qual deve ser criticada. Esse horizonte teórico acabou por gerar a expectativa de se acessar o <em>Deus-em-si</em>, infinito e necessário, visto na perspectiva de sua imutabilidade, alheado da história, cuja revelação se compreende sempre <em>desde cima</em>, ou seja, a partir de seu caráter absoluto. Propõe-se, portanto, a recepção como critério hermenêutico-teológico, por meio da qual se busca uma abordagem da revelação a partir de como somos tocados, como somos interpelados, a partir do modo como se transforma em experiência humana e se amolda à nossa linguagem. Para tanto, busca-se na compreensão de revelação de Joseph Moingt um suporte para uma abordagem <em>desde baixo</em>, segunda a qual Deus deixa de ser <em>aquele que é</em>, compreendido na perspectiva da necessidade, e se torna <em>aquele que vem</em>, concebido numa perspectiva de gratuidade.</p>

Highlights

  • The present article aims to discuss the revelation from the perspective of the reception

  • Como atesta Galot, o que distingue Pannemberg de outros proponentes de uma cristologia de baixo é o radicalismo com que enuncia e aplica seu método, na medida em que, para ele, qualquer conteúdo da fé precisa ser verificado e demonstrado nos limites de uma prova histórica

  • A brevíssima caracterização aqui exposta da discussão concernente às abordagens de cima e de baixo com respeito à cristologia tem por objetivo apenas indicar um problema que não se circunscreve à temática cristológica, mas, verificase na teologia em geral

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Summary

A matriz metafísica como invólucro da revelação

A história do pensamento ocidental não deveria ser analisada apenas na perspectiva de suas intermináveis distinções, manifestas a cada novo Zeitgeist e a cada vez notadas e discutidas por especialistas de diversas áreas. Temática Livre: O Deus que vem a nós: reflexões hermenêutico-teológicas da revelação desde cima e desde baixo caverna, desde que representa a libertação das sombras, sugere a certeza de ver as coisas como de fato são, ou seja, significa vislumbrar a realidade em toda sua plenitude; o mundo fora da caverna é o mundo das ideias reais, dos conceitos verdadeiros, portanto, um mundo imutável, absoluto; para Platão, então, esse é o mundo do noumenon (a essência ou coisa-em-si), que independe de perspectivas particulares. Agora não se trataria mais da Ideia, como em Platão, ou mesmo do Cosmos, como em Aristóteles, mas de um Deus que assumiria o lugar de firme fundamento do mundo. Entretanto, assim como em Platão ou Aristóteles, paulatinamente a ontoteologia ditou uma compreensão de Deus mais como conceito e fundamento justificador do mundo, do que propriamente como um ser pessoal, que em Jesus se encarnou e se dispôs ao mundo, como cria o cristianismo primitivo. Entretanto, tais descrições aqui se apresentam apenas para mostrar que, conquanto a tradição ocidental tenha se consolidado a partir de diversos Zeitgeist, ainda assim se manteve dentro de uma matriz metafísica, profundamente fundacional

Um Deus-em-si: a revelação desde cima
A recepção como critério hermenêutico-teológico
13 Essa discussão pode ser acessada por meio das seguintes obras de Humberto Eco
Um Deus para-nós: a revelação desde baixo
São Paulo
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