Abstract

Em Akira (1988) temos uma representação da cidade de Tóquio (neste caso Neo Tokyo) que serve de valioso documento histórico no que diz respeito ao imaginário relativo às transformações pelas quais a cultura, tecnologia e as cidades japonesas passaram durante a segunda metade do século XX. Por lidar com reflexões relativas ao caldeirão do pensamento sócio-econômico-cultural das megacidades asiáticas, a película dialoga com as reflexões de Rem Koolhaas acerca da formação e características das “Cidades Genéricas”, expostas em S,M,L,XL, de 1995. A perda da identidade das grandes cidades asiáticas é discutida neste artigo traçando-se um paralelo entre os textos de Koolhaas e a visão de Katsuhiro Otomo, roteirista e diretor do longa. A primeira parte deste artigo trata da importância de Akira na formulação de um imaginário contemporâneo relativo à cidade de Tóquio, bem como da capacidade que esta obra tem ao capturar e representar questões relativas ao Japão urbano do período. Na segunda parte há um breve comentário sobre a cultura e sociedade japonesas deste período. A cidade de Neo Tokyo, em si, é o objeto da terceira parte, sendo esta distopia comparada em diversos aspectos à utopia apresentada por Kenzo Tange em 1961, em seu plano para a ocupação da Baía de Tóquio. Também nesta terceira parte são observados mais detalhadamente os aspectos que aproximam a representação distópica da mega metrópole asiática àqueles explorados por Koolhaas. Na quarta e última parte, há um comentário final sobre as razões pelas quais o cyberpunk japonês tem tanto apelo ao público ocidental e sua capacidade de síntese e expressão dos problemas enfrentados pelas grandes cidades asiáticas.

Highlights

  • Akira (1988) presents a representation of the city of Tokyo, a valuable historical document about the imaginary regarding the transformations that Japanese culture, technology and cities went through during the second half of the 20th century

  • By dealing with reflections related to the melting pot of socioeconomic-cultural thinking in Asian megacities, Akira dialogues with Rem Koolhaas' reflections on the so-called “Generic Cities”, exposed in S, M, L, XL, 1995

  • In this article we outline a parallel between the texts by Koolhaas and the vision of Katsuhiro Otomo, screenwriter and director of the feature

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Summary

Destruição de Tóquio

A primeira cena do anime Akira (1988), de Katsuhiro Otomo, mostra uma imagem aérea de Tóquio e uma legenda com a data de 16 de Julho de 1988. Além da densidades de ocupação e construtiva, outra diferença digna de nota entre as visões de Tange e Otomo é a maneira com que cada uma das cidades se expande, sendo que no Plano para Tóquio[60] o crescimento seguia uma lógica linear e, por sua vez, Neo-Tokyo cresceu como uma estrutura radial centrípeta, assim como sua antecessora na ficção e na realidade, a cidade de Tóquio como a conhecemos. Sobre esta questão relativa aos padrões de ocupação do solo (e do ar) pelas diferentes camadas sociais, muito bem explorada por Otomo ao descrever estas paisagens urbanas de Neo-Tokyo, no que diz respeito Às Cidades Genéricas, Koolhaas faz uma observação pertinente: Habitação não é um problema. Há também uma influência das paisagens urbanas de cidades asiáticas como Hong-Kong, que se encontravam em um momento desenvolvimentista parecido com aquele pela qual Tóquio passava quando os primeiros rascunhos do roteiro de Akira foram escritos

Skyline de Neo Tokyo
Vários estilos arquitetônicos de Neo

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