Abstract
A amoreira-preta (Rubus sp.) é uma espécie propagada vegetativamente, principalmente pela estaquia de ramos e raízes. No entanto, há muitos problemas fitossanitários decorrentes desta técnica. Este trabalho objetiva definir um protocolo eficiente para a micropropagação de amoreira-preta, oferecendo uma alternativa aos métodos de propagação tradicionalmente utilizados no Brasil. Utilizaram- se plantas matrizes da cultivar Brazos, mantidas em casa de vegetação. Realizou-se um experimento de assepsia de segmentos nodais, testando a imersão em hipoclorito de sódio (0,5%) por 0, 10, 20 e 30 minutos. Na fase de cultivo inicial testaram-se concentrações (0; 1 e 2 g.L-1) do antioxidante PVP K 25 com ápices meristemáticos. Na fase de multiplicação, testaram-se as citocininas BAP, cinetina, zeatina, 2iP e tidiazuron nas concentrações de 5 e 10 mM, mais a testemunha. Este experimento foi repetido por mais três subcultivos. Outro experimento na fase de multiplicação foi realizado testando-se os meios de cultura MS, MS/2, AND, QL e WPM. Este experimento foi repetido por mais dois subcultivos. Na fase seguinte realizou-se um experimento de enraizamento in vitro com ou sem imersão em solução 1 mM de AIB. Outro experimento de enraizamento foi realizado em casa de vegetação com nebulização intermitente, com as plantas provenientes dos tratamentos do experimento de multiplicação com diferentes citocininas. Na fase final testou-se a influência da sacarose no meio de cultura de enraizamento na aclimatação em casa de vegetação em túnel plástico ou sob nebulização intermitente. Os resultados foram os seguintes. A contaminação dos explantes foi reduzida com a utilização de NaOCl em todos os tempos de imersão. O PVP, nas duas concentrações testadas, reduziu a oxidação. No experimento de multiplicação com citocininas, o tidiazuron não se mostrou viável devido à má formação dos brotos e crescimento exagerado de calos. As mais altas taxas de multiplicação foram obtidas com BAP, nas duas concentrações testadas, obtendo-se 4,4; 6,1; 7,9 e 2,6 brotos por micro-estaca para a concentração de 5 mM e 4,3; 4,7; 4,8 e 2,1 para 10 mM, na seqüência dos quatro subcultivos. No experimento de multiplicação com meios de cultura, nos três subcultivos houve uma tendência de maior taxa de multiplicação com o meio MS, apresentando 3,9; 4,3 e 2,5 brotos por micro-estaca para a primeira, segunda e terceira repicagens. No experimento de enraizamento in vitro, obteve-se mais de 95% de enraizamento nos dois tratamentos. No enraizamento ex vitro, as taxas de enraizamento e sobrevivência foram de 100%. No experimento de aclimatação, em todos os tratamentos houve 100% de sobrevivência. Pode-se concluir que um protocolo eficiente para a micropropagação de amoreira-preta é a assepsia com imersão por 10 minutos em NaOCl a 0,5%, com adição de 1 g.L-1 de PVP na fase inicial, multiplicação no meio MS com 5 mM de BAP e enraizamento in vitro sem AIB e sem a adição de sacarose ao meio de cultura, com posterior aclimatação em túnel plástico ou o enraizamento ex vitro e aclimatação em casa de vegetação com nebulização intermitente.
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